(Foto: Banco Central)
Juros sobem de novo: Banco Central eleva Selic para 15% e surpreende mercado
Em decisão unânime para conter a inflação, Copom leva taxa ao maior nível desde 2006; veja o impacto no seu bolso, nos financiamentos e as projeções para a economia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por uma abordagem mais dura no combate à inflação e, por unanimidade, elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual. Com o reajuste, a taxa passa de 14,75% para 15% ao ano. A decisão surpreendeu parte do mercado financeiro, que em sua maioria esperava uma manutenção no patamar anterior.
Este é o sétimo aumento consecutivo, consolidando um dos mais agressivos ciclos de aperto monetário da história recente e levando a Selic ao seu maior nível desde julho de 2006. O ciclo de altas começou em setembro de 2024 e, desde então, a taxa subiu de forma contínua para tentar frear a escalada de preços na economia.
O que isso significa para o seu bolso e para a economia?
A Selic é a principal ferramenta do governo para controlar a inflação, e sua alta tem efeitos diretos na vida de todos os paranaenses. Na prática, juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo e a produção.
- Crédito mais caro: Financiar um carro, pegar um empréstimo pessoal ou usar o rotativo do cartão de crédito fica mais custoso. Os bancos usam a Selic como base para suas próprias taxas.
- Desaceleração da economia: Com crédito mais caro, empresas investem menos e famílias consomem menos, o que tende a frear o crescimento econômico. O próprio Banco Central, em seu último relatório, reduziu a projeção de crescimento do PIB para 1,9% em 2025. O mercado, via Boletim Focus, ainda está um pouco mais otimista, prevendo uma expansão de 2,2%.
- Melhora para alguns investimentos: Por outro lado, aplicações de renda fixa que seguem a Selic, como o Tesouro Selic, CDBs com liquidez diária e fundos DI, passam a render mais, tornando-se mais atrativas para poupadores com perfil conservador.
Por que o Banco Central subiu os juros? A luta contra a inflação
O objetivo da medida é um só: combater a inflação, que continua sendo a maior preocupação da equipe econômica. Apesar de uma leve queda no índice de maio (0,26%), o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses está em 5,32%. Esse valor está consideravelmente acima do teto da meta de inflação perseguida pelo BC, que para 2025 é de 3%, com tolerância de até 4,5%.
As expectativas também não são favoráveis. As projeções do próprio Banco Central indicam que a inflação deve fechar 2025 em 4,9%, ainda acima do teto. O mercado financeiro é ainda mais pessimista, projetando uma inflação de 5,25% para o fim do ano. A alta dos juros, portanto, é um sinal de que o BC está determinado a usar sua principal ferramenta para forçar a inflação a convergir para a meta.

E agora? BC sinaliza pausa, mas mantém discurso duro
Apesar da alta, o comunicado do Copom trouxe uma sinalização para o futuro. O comitê indicou que deve fazer uma pausa no ciclo de altas para “examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado”. Em outras palavras, a autoridade monetária quer esperar para ver o efeito completo que uma Selic em 15% terá sobre a inflação nos próximos meses.
Contudo, a porta não está fechada para novos aumentos. O texto foi enfático ao afirmar que o comitê “não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”. A mensagem é de vigilância máxima. O Banco Central trabalha com um “horizonte ampliado”, e suas projeções miram uma inflação de 3,6% apenas no final de 2026, indicando que o período de juros altos deve ser bastante prolongado.