A arte de empurrar com a barriga

empurrar com a barriga

Por Gustavo Rebouças – Sarcástico, direto e provocador.

O Brasil é, sem sombra de dúvida, o país mais criativo do mundo — especialmente quando se trata de enrolar, procrastinar e transformar problemas graves em memes engraçados.

A arte de empurrar com a barriga virou política pública não declarada. A cada escândalo, um novo slogan. A cada CPI, um novo enredo. A cada promessa, um novo esquecimento. E o povo? Vai levando. Reclamando nas redes sociais enquanto compartilha vídeos de gatinhos e dancinhas.

Enquanto isso, Brasília segue em sua eterna coreografia: discursos inflamados pela manhã, jantares com lobbyistas à noite, e um povo no meio — tonto, perdido, anestesiado.

A crise na saúde? Está “sob controle”. A educação? “Avançando”. A segurança pública? “Prioridade”. Mas tudo isso só existe no país paralelo dos gabinetes refrigerados e das lives performáticas de quem se acha estadista por saber usar o TikTok.

Nossos representantes dominam a arte da superficialidade. Respondem tudo com frases genéricas, sorrisinhos treinados e uma indignação teatral que dura até a próxima manchete.

E nós, os espectadores dessa tragicomédia, vamos nos acostumando com a normalização da incompetência. Porque é mais fácil rir do que agir. Mais fácil criticar o vizinho do que cobrar o deputado. Mais fácil esperar que “alguém resolva”.

Mas a verdade é simples e incômoda: enquanto a gente empurra com a barriga, eles engordam com o banquete do poder.

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