(Foto: Irina Dambruskas)
Fundo Monetário Internacional fará desembolso de US$ 12 bilhões até terça-feira.
A Argentina anunciou na sexta-feira (11) um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com um prazo de 48 meses. Em uma medida política significativa que antecedeu o acordo, o país desmantelou partes importantes de seus controles cambiais.
Desembolso imediato do FMI
O FMI se comprometeu a liberar US$ 12 bilhões em recursos para a Argentina até a próxima terça-feira (15). Adicionalmente, outros US$ 2 bilhões estarão disponíveis para o país até o mês de junho.
Apoio e estabilidade econômica
O FMI expressou a expectativa de que o acordo ajudará a Argentina a “catalisar apoio oficial multilateral e bilateral adicional e um acesso oportuno aos mercados internacionais de capital”. Em comunicado, o fundo destacou que os principais pilares do programa incluem “a manutenção de uma forte âncora fiscal e a transição para um regime monetário e cambial mais robusto, com maior flexibilidade cambial”.
Fim da paridade cambial fixa
Na sexta-feira, o banco central argentino anunciou o fim da paridade cambial fixa a partir da segunda-feira seguinte. Essa medida permitirá que o peso argentino flutue livremente dentro de uma faixa de câmbio móvel, estabelecida entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar. Na sexta-feira, o câmbio havia fechado em 1.074 pesos por dólar.
Eliminação do “Grampo do Dólar”
O banco central argentino também comunicou a eliminação do chamado “grampo do dólar”, um mecanismo que restringia o acesso à moeda estrangeira. Além disso, a partir deste ano, as empresas argentinas estarão autorizadas a repatriar lucros para fora do país, uma demanda importante do setor empresarial que pode impulsionar novos investimentos.
Fim das restrições cambiais
“A partir de segunda-feira, poderemos acabar com as restrições cambiais, que foram impostas em 2019 e que limitam o funcionamento normal da economia”, declarou o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, em uma coletiva de imprensa.
Mensagem do presidente Milei
O presidente da Argentina, Javier Milei, dirigiu-se à nação em um discurso televisionado na noite de sexta-feira, afirmando que a Argentina estava “em uma posição melhor do que nunca para resistir a turbulências externas”.
Riscos persistem, alerta o FMI
Apesar do acordo, um relatório da equipe do FMI sobre o pacote de US$ 20 bilhões alertou que “os riscos negativos continuam elevados”. O fundo apontou que a implementação do programa pode ser desafiada pelas crescentes tensões comerciais globais e, internamente, pela volatilidade adicional gerada pelo próximo ciclo eleitoral e pelas frágeis condições sociais.
Possível desvalorização do Peso
O novo sistema cambial pode levar a uma desvalorização de quase um terço do peso argentino caso a moeda atinja o limite inferior da banda estabelecida. No entanto, o Banco Central da Argentina provavelmente terá instrumentos para intervir no mercado. A banda de câmbio se expandirá em 1% ao mês, conforme informado pela autoridade monetária.
Histórico com o FMI
Essa mudança na política econômica argentina ocorre antes da aprovação final do FMI para o que representa o 23º programa de financiamento entre o país e a instituição financeira sediada em Washington, em uma longa e complexa história de relações.
Destinação dos recursos
Os recursos provenientes do acordo com o FMI serão utilizados para recapitalizar o Banco Central da Argentina. O governo argentino espera que esses fundos ajudem a fortalecer a moeda nacional, reduzir a inflação e possibilitar cortes de impostos, conforme declarou o ministro Caputo.
Outros financiamentos anunciados
Outros desembolsos plurianuais também foram anunciados, incluindo US$ 12 bilhões do Banco Mundial e US$ 10 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Necessidade de reforço nas reservas
A Argentina necessita desse poder de fogo financeiro para reforçar suas reservas cambiais, que atualmente se encontram em patamar negativo em termos líquidos e têm apresentado queda nas últimas semanas, em um contexto de inflação ainda elevada e um índice de risco-país que voltou a subir.
Volatilidade no mercado
Os recursos do FMI também são considerados essenciais para a suspensão dos controles cambiais, o que provavelmente desencadeará um período de volatilidade no mercado local, já impactado pela guerra tarifária internacional entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais.
Surpresa com a medida
O economista Ricardo Delgado expressou surpresa com a decisão de suspender os controles cambiais neste momento de volatilidade global, mencionando que “trata-se de uma desvalorização que vai contra o que o governo pretendia que acontecesse com tranquilidade nas eleições”, referindo-se às eleições legislativas de meio de mandato que ocorrerão no final do ano.