(Foto: Denis Balibouse)
Lula levará proposta à Celac, com nomes como Michelle Bachelet e Mia Mottley cotados.
O governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, planeja apresentar aos países da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) uma proposta para unificar a região em torno de uma candidatura única de uma mulher para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma declaração especial, elaborada pelo Palácio do Itamaraty, está sendo negociada com os outros 32 países membros da Celac e deve ser votada durante a 9ª Cúpula da entidade, que acontecerá na próxima quarta-feira, 9 de abril, em Tegucigalpa, capital de Honduras. O presidente Lula confirmou sua participação no encontro.
Proposta brasileira na Celac
A embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores (MRE), explicou em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (3) que a iniciativa busca aproveitar o sistema de rotatividade regional, entendendo que a América Latina e o Caribe seriam os próximos na linha de sucessão. A proposta visa unir os países em torno de uma única candidatura, aumentando as chances de a região ocupar o cargo.
Fim do mandato de Guterres e chance para uma mulher
O mandato do atual secretário-geral da ONU, o português António Guterres, se encerra no próximo ano, quando a Assembleia Geral da ONU deverá eleger seu sucessor ou sucessora. Até o momento, nenhuma mulher liderou a organização. A embaixadora Padovan destacou que a proposta brasileira inclui um parágrafo sobre essa questão, ressaltando a existência de candidatas com grande peso político, intelectual e liderança internacional na região, defendendo que não haveria motivo para que uma mulher não assumisse o cargo.
Papel do secretário-geral da ONU
O secretário-geral da ONU desempenha um papel crucial, representando a organização em reuniões com líderes mundiais, presidindo o Conselho de Coordenação dos Chefes Executivos do Sistema das Nações Unidas e atuando na promoção da paz mundial e na prevenção da escalada de conflitos entre países.
Cúpula da Celac em Honduras
O presidente Lula tem previsão de viajar para Tegucigalpa na próxima terça-feira (8). Além dele, outros chefes de Estado da região devem marcar presença na cúpula, incluindo os presidentes da Bolívia (Luís Arce), Colômbia (Gustavo Petro), Guatemala (Bernardo Arévalo), Cuba (Diaz-Canel), Uruguai (Yamandu Orsi), o primeiro-ministro da Guiana (Mark Phillips) e a presidente de Honduras (Xiomara Castro), que será a anfitriã do evento. Outros nomes ainda devem ser confirmados nos próximos dias.
Possível discussão sobre tarifas dos EUA
Um dos temas que pode surgir durante as discussões entre os líderes regionais é a recente imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos a diversos países, incluindo o Brasil. As medidas foram anunciadas na quarta-feira (2) pelo presidente Donald Trump. O Itamaraty informou que a expectativa é que a declaração final da Celac não trate diretamente das tarifas americanas, mas deve reafirmar a defesa do multilateralismo e de regras comerciais justas entre as nações.
A relevância da Celac
Juntos, os 33 países que compõem a Celac abrangem uma área de mais de 22 milhões de quilômetros quadrados na América Latina e Caribe, o que representa mais de cinco vezes o território da União Europeia. A população total somada dos países da Celac é de 670 milhões de pessoas, o dobro do número de habitantes dos Estados Unidos.
Agência Brasil