(Foto: Marcelo Camargo)
Líderes defendem fortalecimento da América do Sul diante de tensões globais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira (22), o presidente do Chile, Gabriel Boric, no Palácio do Planalto. Durante o encontro oficial, Lula reforçou seu compromisso com a integração sul-americana e criticou a polarização geopolítica entre Estados Unidos e China. A visita de Boric marcou também a celebração do Dia da Amizade entre os dois países, com a assinatura de diversos acordos de cooperação.
Relações com EUA e China não devem excluir parceiros
Lula foi enfático ao criticar disputas comerciais entre grandes potências, como as políticas protecionistas iniciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, essa disputa prejudica o comércio global e impõe dilemas desnecessários a países como o Brasil.
“Eu não quero guerra fria. Quero ter relações com todos. Quem deve escolher com quem negociar são os empresários, não os presidentes”, afirmou Lula.
O presidente brasileiro também defendeu o fortalecimento da democracia, do multilateralismo e da construção de instituições internacionais sólidas.
Brasil como promotor da integração regional
Lula reiterou sua visão de que o Brasil tem um papel central no desenvolvimento regional da América do Sul. Ele destacou a necessidade de diversificar parcerias e evitar dependência de grandes potências.
“Se continuarmos isolados, viveremos mais um século de pobreza”, alertou.
O presidente também criticou a postura dos Estados Unidos em relação a países da América Central e o tratamento dado aos imigrantes latino-americanos.
Acordos assinados entre Brasil e Chile
Durante a cerimônia, foram firmados diversos memorandos e acordos em áreas estratégicas, como inteligência artificial, agricultura familiar, segurança pública, audiovisual, comércio exterior e cooperação consular. Entre os principais atos assinados estão:
- Cooperação em inteligência artificial com foco em inclusão cultural e linguística;
- Parceria para fortalecimento da agricultura familiar;
- Acordo de assistência jurídica em matéria penal;
- Cooperação em segurança pública e combate ao crime organizado;
- Acordo de coprodução audiovisual entre os dois países;
- Intercâmbio de oficiais para missões de paz da ONU;
- Fortalecimento do comércio bilateral com ações conjuntas da Apex (Brasil) e da Prochile.
Outros atos adicionais envolveram áreas como defesa, arte, pesca, certificação eletrônica de produtos e apoio a micro e pequenas empresas.
Boric destaca importância da cooperação prática
Gabriel Boric, por sua vez, reforçou a necessidade de ampliar e diversificar as parcerias entre os dois países. Ele citou a importância da integração logística, mencionando o Corredor Bioceânico, projeto que conectará o Centro-Oeste brasileiro aos portos do norte do Chile.
“Isso é integração de verdade, não apenas fotos em cúpulas”, afirmou.
Boric lembrou a visita de Lula ao Chile em 2023, quando foram assinados 19 acordos bilaterais, e apontou novos setores com potencial de expansão conjunta, como tecnologia da informação, transporte e investimentos financeiros.
Comércio e investimentos bilaterais em crescimento
O intercâmbio comercial entre Brasil e Chile movimenta cerca de US$ 12 bilhões por ano. O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile, sendo destino de exportações de cobre, pescados, minérios e vinhos. Já o Chile é o sexto maior destino dos produtos brasileiros, com destaque para petróleo, carne bovina e automóveis.
O Brasil é também o maior investidor latino-americano no Chile, atuando em setores como energia, alimentos, mineração e fármacos. Em contrapartida, o Brasil é o principal destino dos investimentos chilenos no exterior, com destaque para empresas como a companhia aérea Latam.
Agência Brasil