(Foto: Exercito Argentino)
A estratégia de reforço militar, chamada Operação Roca, faz parte de um plano do governo do presidente Javier Milei e terá como missão auxiliar no combate a crimes como contrabando, descaminho e tráfico de substâncias ilícitas em regiões que fazem divisa com o Paraná e outros estados.
O governo da Argentina anunciou que, a partir da próxima semana, intensificará o envio de militares para as regiões de fronteira com três países vizinhos: Brasil, Paraguai e Bolívia. A medida faz parte da Operação Roca, uma estratégia desenhada pela gestão do presidente Javier Milei para reforçar a segurança nas divisas do país.
Operação Roca nas fronteiras
A informação sobre o reforço militar nas fronteiras já havia sido antecipada em janeiro pela ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich. Na ocasião, a ministra citou, especificamente, as fronteiras da província de Misiones, que faz divisa com os estados da Região Sul do Brasil, incluindo o Paraná.
De acordo com o governo argentino, a ação tem como objetivo principal auxiliar no combate a crimes transnacionais. Entre as missões das Forças Armadas estarão o enfrentamento ao contrabando, ao descaminho (entrada de mercadoria legal sem o pagamento correto de impostos) e, de forma destacada, ao tráfico de substâncias ilícitas.
A intensificação do controle fronteiriço ocorre em um contexto onde as distorções entre os preços internos na Argentina e a valorização do câmbio do peso em relação às moedas de países vizinhos tornaram produtos brasileiros, paraguaios e bolivianos mais atrativos. Essa diferença tem impulsionado o aumento da entrada ilegal de mercadorias estrangeiras em território argentino.
Além do combate a esses crimes relacionados à circulação de mercadorias, a Operação Roca também tem como foco a promessa do governo Milei de desarticular as quadrilhas de narcotraficantes que atuam no país. Os portos da Argentina, além de abastecerem o consumo doméstico de drogas, integram importantes rotas de envio de entorpecentes para a Europa e o Oriente Médio.
Reforço militar com poder de polícia
Conforme dados divulgados pelo governo argentino, pelo menos 1,3 mil militares serão deslocados para reforçar os controles em locais considerados mais vulneráveis ao ingresso ilegal. É o caso, por exemplo, de pontos com fronteira seca (onde não há barreiras naturais como rios) ou áreas de proliferação de portos clandestinos nas margens dos rios que separam os países.
A província de Misiones, que faz divisa com o Paraná e outros estados do Sul do Brasil, terá pontos específicos de atuação da Operação Roca. Entre as cidades onde haverá reforço militar estão Puerto Iguazú, na fronteira direta com Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (Paraguai), e Bernardo de Irigoyen, que é fronteiriça com Dionísio Cerqueira (SC) e Barracão (PR), município no Sudoeste paranaense.
Em declarações à imprensa argentina, o ministro da Defesa, Luis Petri, esclareceu que os militares que participarão da operação atuarão com poder de polícia. Isso significa que terão autoridade para realizar apreensões de produtos ilegais e prender pessoas flagradas em atividades criminosas durante as patrulhas fronteiriças. O governo argentino ressaltou que, apesar do reforço militar, a Operação Roca é tratada como um assunto interno, sem intenções hostis em relação aos países vizinhos, e que Brasil e Argentina mantêm ações de cooperação em segurança fronteiriça, tanto no âmbito militar quanto no intercâmbio de informações policiais.