(Foto: NRE AM Norte)
Projeto “Plínio Little Gardener” revitaliza ambientes do Colégio Estadual Plínio Alves Monteiro Tourinho com foco em sustentabilidade e estimula estudantes a desenvolverem habilidades e iniciativas de negócio, criando um espaço escolar mais vivo e participativo.
O Colégio Estadual Plínio Alves Monteiro Tourinho, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, está vivenciando uma notável transformação graças à atuação do Clube de Ciências “Plínio Little Gardener”. Áreas que antes eram subutilizadas na escola hoje se mostram revitalizadas, com hortas, vasos de flores e suculentas preenchendo corredores, janelas e áreas externas. Mais do que apenas embelezar o colégio, o projeto, cujo nome significa “Pequeno Jardineiro Plínio” em tradução livre, utiliza atividades voltadas à sustentabilidade para estimular o empreendedorismo entre os estudantes, cultivando um ambiente escolar mais acolhedor, vivo e participativo.
O início e a evolução do clube
O clube teve um começo modesto em 2016, como parte do componente curricular de ciências, com a simples ideia de adicionar mais áreas verdes aos espaços livres da escola. Naquela época, cerca de 25 alunos do 7.º ano participavam da ação. Deise Cristiane Bandeira Sprocati, coordenadora do projeto, lembra que o objetivo era incentivar a aprendizagem sobre sustentabilidade de forma prática, indo além da teoria. Citando um texto de Rubem Alves, ela afirma: “Usamos como referência um texto do Rubem Alves que diz que ‘só consegue plantar jardins quem tem jardins por dentro’. Acreditamos que esse é o espírito do projeto, e vemos o encantamento dos alunos com o que fazemos”.
Nos anos seguintes, as oficinas do clube passaram a ser oferecidas no contraturno, atraindo a participação de mais estudantes que, anualmente, apresentavam seus trabalhos na mostra cultural do colégio. O interesse crescente levou à ampliação das atividades e, em 2024, o projeto foi integrado ao Paraná Faz Ciência, um programa de fomento à pesquisa e ao aprofundamento nos estudos das ciências, iniciativa do Governo do Estado. Atualmente, 30 estudantes de diferentes séries integram o clube, que conecta a revitalização dos espaços aos conteúdos científicos e ao bem-estar proporcionado pelo contato com a natureza. “A gente faz miniterrários. Cada vez que você coloca uma plantinha, representa o amor que você tem. A gente plantou verduras, flores e vou trazer sementes de morango que tenho em casa”, contou Greillys Garcia Rangel, estudante de 12 anos que participa do projeto.
Protagonismo estudantil e atividades práticas
A jornada de aprendizado e protagonismo dos alunos no clube começa com a oficina de miniterrários, onde eles aprendem sobre o desenvolvimento das plantas e criam seus primeiros produtos, dominando técnicas de plantio, drenagem e cuidados com as suculentas. Os estudantes que ganham mais experiência são incentivados a assumir o papel de instrutores, criando um ciclo dinâmico de ensino-aprendizagem entre pares.
Outras atividades práticas do clube incluem a produção de sabão a partir de óleo usado, a criação de adubos naturais por meio da compostagem e a confecção de kokedamas, que são arranjos de plantas suspensos sem vasos.
Impacto na escola e na comunidade
O trabalho do clube tem um impacto direto e visível na infraestrutura e no ambiente da escola. Um exemplo marcante foi a transformação de uma área externa que acumulava entulho. Após a retirada dos resíduos pela prefeitura de Colombo, alunos e professores uniram forças para plantar grama, flores e ipês, convertendo o espaço em uma área acolhedora. Outros ambientes também foram revitalizados, como uma arquibancada sem uso, que se tornou uma horta produtiva onde os alunos cultivam suculentas, verduras e temperos. Parte da produção é vendida ou doada à comunidade, e o projeto se mantém vivo e em constante renovação para garantir a perenidade das melhorias.
Além do ambiente escolar, a iniciativa também estende seu impacto à comunidade. Os alunos já compartilharam seus conhecimentos com idosas do Centro de Convivência Vó Elisa, em Colombo, ampliando o alcance social da ação e promovendo a interação intergeracional. O professor de inglês Vlademir Telles da Silva, voluntário no clube, ressalta a importância da participação ativa dos alunos: “O mais significativo é ver os estudantes percebendo que ajudaram a transformar a escola. Eles dizem aos colegas: ‘Fui eu que fiz!'”, comentou.
O estímulo ao empreendedorismo
A experiência no clube vai muito além do aprendizado científico e da revitalização escolar, funcionando como um verdadeiro catalisador para despertar o interesse dos jovens por áreas como biologia, sustentabilidade e, notavelmente, empreendedorismo. “Tudo o que eles aprendem no projeto pode ser levado para a vida, seja para comercializar, ganhar uma renda extra ou mesmo para criar sua própria horta”, destacou o professor Vlademir.
Alguns participantes do clube já transformaram as oficinas em oportunidades concretas de negócio. Um exemplo inspirador é Arthur Cavalari, ex-estudante do colégio e que hoje cursa Letras na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Durante uma atividade de criação de vasos sustentáveis para suculentas, Arthur desenvolveu modelos inovadores com cimento e, com o incentivo de professores e familiares, passou a comercializá-los. Ao longo desse processo, ele não apenas empreendeu, mas também aprofundou seus conhecimentos sobre meio ambiente e gestão. “Foi uma experiência transformadora. O projeto me ajudou a entender o valor da educação, da gestão financeira e emocional. O contato com a terra é terapêutico”, relatou Arthur.
A rede Paraná Faz Ciência
O Clube de Ciências Plínio Little Gardener faz parte da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, uma iniciativa ampla que busca incentivar a formação de clubes de ciências em escolas de todo o estado. O objetivo principal da rede é conectar a ciência ao cotidiano dos estudantes, de forma a despertar o interesse genuíno pelos conhecimentos científicos e apresentar as diversas carreiras possíveis na área. Atualmente, a rede estadual de educação do Paraná conta com 200 clubes de ciências em funcionamento, distribuídos tanto em escolas de educação em tempo integral quanto em unidades que ofertam aulas em turno parcial. Ao todo, mais de 4,7 mil estudantes participam ativamente dos clubes em todo o estado.
Agência Notícias do Estado do Paraná