Estudo aponta que redes da Meta facilitam golpes financeiros

golpes virtuais

(Foto: Marcello Casal Jr)

Pesquisa do NetLab/UFRJ revela como Facebook, Instagram e WhatsApp são usados para disseminar anúncios fraudulentos

Um estudo do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgado nesta quarta-feira (5), revela que as redes sociais da Meta, como Facebook, Instagram e WhatsApp, têm sido utilizadas por golpistas para aplicar fraudes financeiras em larga escala no Brasil.

A pesquisa, realizada entre 10 e 21 de janeiro de 2025, período que coincidiu com a polêmica envolvendo a Instrução Normativa 2.219/2024 da Receita Federal sobre a taxação do Pix, identificou 1.770 anúncios fraudulentos veiculados por 151 anunciantes diferentes, além de 87 sites falsos para os quais os usuários eram redirecionados.

O estudo aponta que os golpistas se aproveitaram da desinformação gerada em torno da IN 2.219/2024 para disseminar anúncios que simulavam páginas do governo federal e de outras instituições, oferecendo serviços falsos de resgate de benefícios, acesso a programas sociais inexistentes e até mesmo “guias” para driblar a suposta taxação do Pix.

“O fato de estas páginas terem obtido a permissão para veicular anúncios em nome do governo evidencia as fragilidades dos processos de verificação de anunciantes da Meta”, destaca o estudo.

Os pesquisadores do NetLab também criticam o uso das ferramentas de marketing da Meta, que permitem o impulsionamento de anúncios maliciosos e seu direcionamento para públicos segmentados, o que aumenta o alcance das fraudes e facilita que os golpistas encontrem suas vítimas ideais.

“Há no país uma vasta população ávida por oportunidades de ascensão social, que precisa de suporte e políticas públicas do Estado para mudar de vida, o que faz com que os mais necessitados se tornem um alvo prioritário de golpes online”, afirma o estudo.

A pesquisa também revela que 70,3% dos anúncios fraudulentos identificados utilizaram ferramentas de inteligência artificial, incluindo deepfakes, para manipular imagens e vídeos, principalmente do deputado federal Nikolas Ferreira e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O estudo do NetLab se junta a outras pesquisas que já apontavam para a facilidade com que golpes financeiros são aplicados através das redes sociais da Meta. Uma pesquisa do Instituto Datafolha, por exemplo, revelou que fraudes baseadas em Pix e boletos bancários são os crimes digitais que mais geram receita no Brasil, causando um prejuízo de R$ 25,5 bilhões por ano. Já um levantamento da Silverguard apontou que 79,3% dos golpes denunciados por vítimas se iniciaram em alguma das plataformas da Meta.

Diante desse cenário, os pesquisadores do NetLab questionam a efetividade das políticas de moderação de conteúdo da Meta e manifestam preocupação com as recentes mudanças anunciadas por Mark Zuckerberg, que incluem o fim do programa de checagem de fatos e a redução na utilização de filtros para publicações que violam os termos de uso.

“A ausência de menção específica à moderação de conteúdo publicitário por Zuckerberg em sua fala não deixa claro se as mudanças impactam a circulação de anúncios fraudulentos”, alerta o estudo.

A Meta, por sua vez, afirmou em nota que anúncios que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidos em suas plataformas e que está sempre aprimorando sua tecnologia para combater atividades suspeitas. A empresa também recomenda que os usuários denunciem quaisquer conteúdos que acreditem ir contra os Padrões da Comunidade do Facebook, as Diretrizes da Comunidade do Instagram e os Padrões de Publicidade da Meta.

O estudo do NetLab, no entanto, levanta sérias dúvidas sobre a efetividade dessas medidas e acende um alerta para a necessidade de maior controle e segurança contra a publicidade enganosa nas redes sociais, que têm se tornado um terreno fértil para a proliferação de golpes financeiros.

Agência Brasil

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