(Foto: TV Brasil)
Mais de 27 mil mulheres se inscreveram para mil vagas temporárias nas Forças Armadas.
As Forças Armadas iniciaram nesta quarta-feira (2), em Brasília, o processo de seleção geral para mulheres voluntárias e homens que se alistaram para o serviço militar inicial desde o início do ano. Pela primeira vez, mulheres participarão desta etapa como candidatas a soldados do Exército Brasileiro, marinheiras recrutas da Marinha do Brasil ou soldados de segunda classe da Aeronáutica.
Alistamento voluntário feminino
Diferentemente dos homens, cujo alistamento aos 18 anos é obrigatório, as mulheres manifestam seu interesse em servir voluntariamente nas Forças Armadas, também a partir dos 18 anos.
Grande número de candidatas
O número de mulheres que se alistaram para as 1.010 vagas autorizadas para este ano superou as expectativas. Até quarta-feira, o Ministério da Defesa registrou 27.395 inscrições femininas. A expectativa é que esse número continue a crescer, já que o prazo para o alistamento se encerra em 30 de junho. O Exército Brasileiro informou que o número de vagas para mulheres voluntárias será aumentado gradualmente a cada ano.
Apoio à inclusão feminina
A capitão do Exército Etiene Busnello, que trabalhou na seleção geral, compartilhou sua experiência como médica voluntária em 2012 e, posteriormente, como militar de carreira a partir de 2013. Ela expressou seu apoio à inclusão da mulher na rotina militar, destacando que, assim como ela, as candidatas deste ano são voluntárias e que essa iniciativa representa a inclusão feminina em todas as áreas do Exército.
Etapas da seleção geral
Na capital federal, as primeiras 35 voluntárias passaram por entrevistas, inspeções de saúde (exames clínicos e laboratoriais) para verificar possíveis limitações para o serviço militar inicial, e preencheram informações sobre idade, peso, altura e outros dados específicos de cada força (Marinha, Exército e Aeronáutica). Novas seleções gerais poderão ocorrer no Distrito Federal até 28 de setembro. Durante a seleção, as candidatas indicam sua preferência pela instituição militar e são consideradas as vagas disponíveis e suas aptidões. O teste físico não foi realizado nesta fase. As candidatas foram informadas ao final da manhã sobre a continuidade no processo seletivo. Nas demais cidades, as datas da seleção geral serão definidas por cada posto militar.
Prazo para alistamento
O período de alistamento para mulheres e homens segue até 30 de junho, podendo ser realizado presencialmente nas juntas de serviço militar ou online, através do site oficial do governo federal (Gov.br). O procedimento é gratuito.
Requisitos para o alistamento feminino
Podem se alistar mulheres que completam 18 anos em 2025 (nascidas em 2007) e residem em municípios com vagas para o sexo feminino. É necessário apresentar certidão de nascimento ou prova de naturalização, comprovante de residência e documento oficial com foto. Não é exigida formação educacional complementar. Para a primeira turma, foram disponibilizadas 1.465 vagas em diversas regiões do país: 155 na Marinha, 1.010 no Exército e 300 na Aeronáutica, distribuídas em 28 municípios de 13 estados, além do Distrito Federal. As alistadas podem acompanhar as próximas etapas e horários na página virtual específica do alistamento.
Fases do recrutamento
O processo de recrutamento para o Serviço Militar Inicial Feminino (e masculino obrigatório) possui cinco fases: alistamento, comissão de seleção geral, designação, seleção complementar e incorporação (ou matrícula). As mulheres selecionadas serão incorporadas no primeiro ou segundo semestre de 2026.
Serviço militar temporário
Após a incorporação, as recrutas prestarão serviço militar temporário por 12 meses, com os mesmos direitos, deveres, salários e oportunidades dos homens. O serviço militar feminino é temporário, sem estabilidade, e após o desligamento, as voluntárias comporão a reserva não remunerada das Forças Armadas. O tempo de serviço poderá ser prorrogado por até sete anos, totalizando no máximo 96 meses. Para seguir carreira militar, é necessário possuir curso superior e ser aprovado em concurso público específico para escolas de formação militar.
Marco histórico
O alistamento militar feminino, inédito no Brasil, foi autorizado em agosto de 2024. O coronel Rafael Alves, chefe do Escalão de Pessoal da 11ª região militar do Exército, destacou que a incorporação das primeiras soldadas representa um marco histórico de inclusão e reflete a sociedade que o Exército Brasileiro defende. Anteriormente, o ingresso de mulheres nas Forças Armadas ocorria principalmente por concursos para cargos de nível superior em áreas específicas. Atualmente, as Forças Armadas contam com cerca de 37 mil mulheres, aproximadamente 10% do efetivo total.
Agência Brasil
