(foto: Orlando Kissner)
Muito além da simulação: projetos criados por estudantes no Parlamento Universitário podem virar leis de verdade
Com recorde de projetos, 6ª edição da simulação inspira deputados a adotar propostas e expõe falhas de acessibilidade no Legislativo, que anuncia comissão para resolver o problema.
A 6ª Legislatura do Parlamento Universitário chegou ao fim nesta sexta-feira (25) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), deixando um legado que transcende a simulação. Durante sete dias, 54 estudantes de 24 instituições de ensino do estado viveram a rotina de um deputado, mas também ensinaram lições valiosas.
A edição de 2025 não apenas quebrou recordes de participação e de propostas, mas também gerou um impacto real, com o compromisso de deputados em transformar as ideias dos jovens em leis e com a criação de uma comissão para corrigir falhas de acessibilidade na própria Casa.
Uma legislatura de recordes e inovação
Esta edição do Parlamento Universitário foi a maior da história. Com um número recorde de 24 universidades representadas, os 54 “deputados” tiveram uma produção legislativa intensa: foram 127 proposições protocoladas, das quais 97 foram aprovadas após passarem por 12 reuniões de comissão.
A grande inovação foi a inclusão de 46 estudantes de comunicação, que atuaram como jornalistas e assessores, criando uma dinâmica de imprensa que, segundo a organização, gerou “rusgas entre as bancadas” e tornou a simulação ainda mais próxima da realidade política.
A lição que a assembleia aprendeu: a luta pela acessibilidade
O impacto mais significativo e inesperado do evento veio da participação do deputado universitário Rodrigo Amoedo, que é tetraplégico. Sua presença e as dificuldades de locomoção expuseram as barreiras de acessibilidade no próprio Plenário da Alep, como a falta de rampas para a Mesa Diretora.
Sensibilizada pela situação, a direção da Assembleia anunciou a criação de uma comissão oficial de servidores para estudar e implementar as adaptações necessárias. “Fiquei muito feliz. Não vim aqui buscar isso, vim para aprender, mas calhou que aconteceu. E foi uma coisa muito boa, pois vai ajudar muita gente”, comemorou Amoedo.
Dos projetos dos jovens para a vida real
As 97 propostas aprovadas pelos estudantes não ficarão apenas no papel. Durante a cerimônia de encerramento, deputados estaduais presentes se comprometeram a analisar as iniciativas. “Teremos todo o respeito e cuidado para aproveitar o máximo tudo aquilo que foi sugerido por Vossas Excelências”, ressaltou a deputada Maria Victoria (PP).
O deputado Denian Couto (Podemos) foi além: “Que os projetos que vocês discutiram sejam aprovados na vida real. Meu gabinete está à disposição para receber todas as matérias de vocês”, garantiu.
A experiência do debate democrático
Para os organizadores, o principal objetivo do programa foi cumprido: oferecer aos jovens uma vivência real do debate político institucional. “Reforça a necessidade de projetos como esse para que as pessoas vivenciem espaços de debate para além das redes sociais”, refletiu Jeulliano Pedroso, diretor da Escola do Legislativo.
A experiência foi enriquecida por conversas com ex-governadores, como Cida Borghetti e Roberto Requião, e com diversos deputados estaduais, que compartilharam suas trajetórias e conhecimentos.
A imprensa em ação: a novidade da comunicação
A inclusão inédita de 46 estudantes de comunicação foi um sucesso. Eles atuaram na cobertura jornalística e na assessoria de imprensa dos “deputados”, pautando debates e gerando repercussão para as ações do plenário simulado.
“A imprensa pautou o Parlamento Universitário. O que os deputados universitários estavam fazendo dentro do Plenário repercutia aqui fora, na sociedade. E eles tinham que dar uma resposta”, avaliou o coordenador de Comunicação da Alep, Roger Pereira, destacando o realismo que a dinâmica trouxe ao evento.
O papel dos servidores: a mentoria por trás dos bastidores
O sucesso da complexa simulação só foi possível graças ao intenso trabalho de mentoria dos servidores da própria Assembleia Legislativa. Profissionais da Escola do Legislativo, da Diretoria Legislativa, da Diretoria de Apoio ao Plenário e da Diretoria de Comunicação acompanharam de perto cada etapa, orientando os estudantes desde a redação de um projeto de lei e a oratória na tribuna até a produção de reportagens. Essa transferência de conhecimento prático foi um dos pilares da 6ª Legislatura do Parlamento Universitário.
Com informações de Agência de Notícias da Assembleia Legislativa do Paraná
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