(Foto: Rafa Neddermeyer)
O Dólar em xeque: BRICS se reúne no Rio para acelerar o comércio em moedas locais
Reunindo líderes de nações que representam quase metade da população global, encontro sediado pelo Brasil debaterá a reforma da ONU, o uso de moedas locais e o fortalecimento do “Banco do Brics”.
A cidade do Rio de Janeiro se torna, a partir deste domingo (6), a capital da diplomacia global com o início da 17ª Cúpula do BRICS. O encontro, sediado pelo Brasil, é o primeiro em território nacional a contar com a presença dos novos membros do bloco, agora um grupo expandido. Sob um forte esquema de segurança que provocou o fechamento do Aeroporto Santos Dumont, os chefes de Estado se reunirão no Museu de Arte Moderna (MAM) para debater os rumos de uma nova ordem geopolítica e econômica.
Na pauta, a reforma da governança global
Um dos temas centrais que será liderado pelo Brasil é a cobrança por uma reforma nas estruturas de governança global. O BRICS defenderá em conjunto uma atualização em instituições como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. O objetivo do bloco é criar uma ordem mundial mais “multipolar”, que reflita o peso econômico e populacional dos países do Sul Global e ofereça alternativas ao sistema estabelecido após a Segunda Guerra Mundial.

A agenda econômica: desdolarização e o “Banco do BRICS”
No campo econômico, a pauta é igualmente ambiciosa. Os líderes discutirão a ampliação do comércio entre os países membros utilizando moedas locais, em uma estratégia para reduzir a dependência do dólar americano nas transações internacionais. Além disso, o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como “Banco do BRICS”, estará em foco. A expectativa é que o banco anuncie novas linhas de financiamento para projetos de infraestrutura e transição energética nos países membros, consolidando-se como uma alternativa de fomento ao desenvolvimento.
Transição energética e a ponte para a COP30
A crise climática e a transição energética também ocupam um lugar de destaque na agenda da Cúpula. O Brasil, como anfitrião da COP30 em Belém, usará o encontro para articular uma posição conjunta do bloco sobre o desenvolvimento sustentável. O debate focará na cooperação para a produção de energias renováveis, como a eólica e o hidrogênio verde, e no financiamento de projetos de baixo carbono pelo NDB. A Cúpula do BRICS no Rio é vista como uma “ponte” estratégica para fortalecer as demandas do Sul Global antes da conferência climática da ONU