(Foto: Albari Rosa)
Estado lidera em doações e transplantes, com 42,3 doadores por milhão de população em 2024, reflexo de um processo estruturado e do espírito solidário da população.
O Paraná se destaca no cenário nacional da doação de órgãos por apresentar a menor taxa de recusa familiar do País. Com apenas 28% de negativas, o Estado fica muito abaixo da média nacional de 46%, demonstrando maior eficácia na abordagem dos profissionais em um momento delicado para as famílias.
Liderança em doações e transplantes
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, este índice reflete um processo bem estruturado, políticas públicas eficientes, treinamento especializado e o espírito solidário da população paranaense. Como resultado, o Paraná é líder nacional em doações de órgãos pelo segundo ano consecutivo, com 42,3 doadores por milhão de população (pmp) em 2024, mais que o dobro da média brasileira de 19,2 pmp.
Além disso, o Estado lidera na efetivação de transplantes, com 36 pmp, contra 17,5 pmp na média do Brasil, ficando em segundo lugar nacional (atrás apenas do Distrito Federal) em transplantes por milhão de população com 76,4 pmp. Em 2024, foram 500 doadores efetivos, resultando em 903 transplantes de órgãos e 1.248 de córneas.
Como funciona o processo de doação
O processo de doação e transplante inicia com o diagnóstico de morte encefálica. Em seguida, profissionais do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR) realizam a entrevista familiar com abordagem cuidadosa e esclarecedora. Após o aceite, a Central Estadual de Transplantes é notificada e as informações são cadastradas em um sistema nacional que busca compatibilidade com pacientes em fila de espera, priorizando o Estado do Paraná e expandindo para outras regiões se necessário.
Em 2024, 150 órgãos de doadores paranaenses foram transplantados em receptores de outros estados. A confirmação da compatibilidade e a logística de retirada e envio dos órgãos envolvem comunicação entre as centrais e hospitais.
A abordagem familiar e o luto
Marcela Battilani, psicóloga da OPO de Maringá, atua há oito anos no setor e treina equipes para o protocolo qualificado de entrevista familiar. Ela ressalta a sensibilidade necessária ao comunicar a morte encefálica, muitas vezes decorrente de eventos súbitos e traumáticos, e a dificuldade das famílias em assimilar o conceito quando o corpo do paciente ainda apresenta sinais vitais com suporte médico.
O trabalho dos profissionais é essencial para guiar as famílias com respeito, informação e segurança, construindo confiança. Marcela acredita que a doação pode ser positiva para o luto, ajudando as famílias a ressignificar a perda de seus entes queridos e seguir em frente com um significado diferente para a dor.
Estrutura do SET/PR e investimento em capacitação
O SET/PR conta com cerca de 700 profissionais coordenados pela Central Estadual de Transplantes em Curitiba e quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Integram o sistema 70 Hospitais Notificantes, 34 equipes de transplante de órgãos, 72 de tecidos, laboratórios de histocompatibilidade e sorologia, e bancos de tecidos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) investe em capacitação e sensibilização, promovendo cursos sobre determinação de morte encefálica, processo de doação, entrevista familiar, coordenação hospitalar e atuação em centro cirúrgico.
Em 2024, foram 28 cursos para médicos, 19 sobre doação, 8 sobre entrevista, 3 sobre coordenação e 2 sobre centro cirúrgico, além de 75 palestras e ações de sensibilização, capacitando mais de 1.100 profissionais. Em 2025, já foram realizados diversos cursos capacitando cerca de 565 profissionais. A coordenadora do SET/PR, Juliana Ribeiro Giugni, destaca o investimento em qualificação para um atendimento humanizado, acolhedor e esclarecedor às famílias, ressaltando a doação como um gesto de solidariedade que salva vidas.
Agência Notícias do Estado do Paraná