Porto Alegre enfrenta desafio de remover 230 mil toneladas de resíduos pós-enchentes

(Foto: Julio Ferreira/PMPA)

Porto Alegre enfrenta desafio de remover 230 mil toneladas de resíduos pós-enchentes


Cerca de 50 mil toneladas ainda aguardam destinação adequada

Sete meses após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, Porto Alegre ainda enfrenta desafios para lidar com os resíduos acumulados pela catástrofe. Segundo a prefeitura, já foram recolhidas 180 mil toneladas de lixo deixado pelas águas, das quais 130 mil toneladas receberam destinação final em aterros sanitários. No entanto, outras 50 mil toneladas permanecem em espera para descarte definitivo.

O volume total de resíduos gerados pelas enchentes equivale a 146 dias de trabalho do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), que recolhe, em média, 1.225 toneladas de resíduos domiciliares diariamente. Deste total, 73 toneladas são recicláveis, enquanto o restante inclui resíduos orgânicos e rejeitos enviados ao aterro sanitário, somando cerca de 1.780 toneladas por dia.

Área de espera para resíduos

As 50 mil toneladas restantes estão alocadas no último “bota-espera” ativo, localizado na Avenida Severo Dullius, no bairro Sarandi, zona norte da cidade. Essa região foi uma das mais atingidas pelas enchentes e a última a secar completamente. O material será transportado para os aterros de Minas do Leão e Santo Antônio da Patrulha, na região metropolitana de Porto Alegre.

A operação de remoção está prevista para ser concluída em 75 dias. A prefeitura divulgou na última semana o resultado do edital de chamamento público para contratar equipamentos, caminhões e equipes de trabalho necessárias para finalizar a limpeza. Os serviços incluirão a remoção de resíduos variados, como entulho, móveis, utensílios domésticos e eletrônicos.

Impacto financeiro e mobilização

Segundo Carlos Alberto Hundertmarker, diretor-geral do DMLU, o esforço para lidar com os resíduos gerados pelas enchentes envolveu mais de 100 contratos emergenciais e um investimento de R$ 200 milhões. “Esse valor foi aplicado na limpeza urbana, remoção de entulhos, destinação correta dos resíduos, recuperação de calçadas, pintura de meio-fio e limpeza de mobiliário público urbano”, explicou.

A operação mobilizou cerca de 4 mil trabalhadores da limpeza ao longo dos últimos sete meses. A situação na cidade começou a se estabilizar apenas em agosto, mais de três meses após a enchente.

Reflexões sobre gestão de resíduos

A tragédia ressaltou a necessidade de reforçar a separação e o descarte correto de resíduos em Porto Alegre. “Já fomos referência nacional em coleta seletiva, mas ainda há muito a melhorar. Muitas pessoas misturam diferentes tipos de resíduos, prejudicando o processo de reciclagem”, destacou Hundertmarker.

O serviço de triagem de resíduos também foi gravemente afetado, com oito dos 17 pontos de triagem da cidade completamente alagados por meses. Atualmente, apenas 6% dos resíduos recolhidos pela coleta domiciliar são reciclados, percentual acima da média nacional de 2,7%, mas que ainda deixa um grande volume de materiais recicláveis, cerca de 408 toneladas por dia, sendo descartado de forma inadequada.

Impactos regionais

As enchentes de 2023 deixaram um rastro de destruição no Rio Grande do Sul, com 183 mortes e 27 desaparecidos em todo o estado. Na região metropolitana de Porto Alegre, incluindo municípios como Canoas, São Leopoldo e Eldorado do Sul, o número de vítimas ultrapassou 50.

A experiência revelou a necessidade de aprimorar a infraestrutura de gestão de resíduos e de conscientizar a população sobre práticas sustentáveis, buscando minimizar os impactos de futuras crises ambientais.

Com informações de Agência Brasil.


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