(Foto: Divulgação Unioeste)
Unioeste conquista feito inédito em competição internacional de carros a hidrogênio, enquanto Unicentro transforma realidade rural com o projeto Imbituvão
As universidades estaduais do Paraná seguem ampliando seu protagonismo com projetos inovadores que unem ciência, sustentabilidade e impacto social. Dois exemplos emblemáticos dessa atuação são o veículo movido a hidrogênio da Unioeste, classificado em competição internacional nos Estados Unidos, e o projeto Imbituvão da Unicentro, que transforma o manejo florestal sustentável em alternativa econômica para pequenos agricultores.
Energia limpa sobre rodas: Unioeste faz história em Indianápolis
A equipe do Grupo Cataratas de Eficiência Energética (GCEE), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Câmpus Foz do Iguaçu, conquistou um feito inédito ao se tornar a primeira equipe da América Latina aprovada na categoria Conceito Urbano – Célula a Combustível de Hidrogênio na edição norte-americana da Shell Eco-Marathon 2025, realizada em Indianápolis (EUA).
A competição reuniu 64 equipes de diversos países, incluindo Estados Unidos, Canadá, México, Colômbia e Brasil, desafiando os estudantes a desenvolverem veículos com máxima eficiência energética movidos por fontes alternativas. Dos sete inscritos na categoria de hidrogênio, apenas cinco passaram na exigente inspeção técnica — e entre eles, a equipe da Unioeste.
Apesar das condições climáticas adversas, com frio intenso e chuva, o grupo paranaense conseguiu completar o percurso no tradicional circuito de Indianápolis com seu veículo 100% movido a hidrogênio. Embora a tentativa não tenha sido oficialmente validada por exceder o tempo regulamentar, a participação foi considerada altamente promissora.
“Obtivemos ótimos resultados e melhoramos o que já havíamos feito no Rio. Ainda não veio o título, mas acredito que, com dedicação, em breve traremos um para a nossa universidade”, destacou Ana Lucia de Paula Martins, aluna de Engenharia Elétrica e integrante da equipe.
Floresta como fonte de renda: Unicentro promove manejo sustentável no Centro-Sul do estado
Na região Centro-Sul do Paraná, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) desenvolve, há mais de 15 anos, o projeto Imbituvão, que alia pesquisa científica e extensão rural para fomentar o manejo sustentável da Floresta Ombrófila Mista — vegetação nativa da região que abriga espécies como a araucária.
Coordenado pelo professor Afonso Figueiredo Filho, o projeto já mapeou 36 propriedades rurais com potencial de manejo florestal, envolvendo diretamente 24 delas em experimentos que totalizam quase 10 hectares monitorados. O foco está em provar que é possível gerar renda com a floresta em pé, por meio de práticas sustentáveis como o plantio de espécies nativas, inventários florestais, produção de mudas, educação ambiental e apoio à apicultura.
“O projeto provou que o manejo florestal não desmata, é viável e conserva a floresta”, explica o professor Afonso. O trabalho de campo também alimenta diversas pesquisas de mestrado e doutorado, gerando conhecimento científico e formação técnica para estudantes.
Além disso, o Imbituvão foi essencial para viabilizar projetos como o “Estradas com Araucárias”, que estimula financeiramente o plantio da árvore símbolo do Paraná em beiras de estrada. A ação é custeada com verbas de compensação ambiental e reforça a valorização econômica e ecológica da araucária.

Iniciativas sustentáveis com impacto social
Atualmente, o projeto enfrenta o desafio de controlar a uva-do-japão, espécie invasora que compromete o crescimento de árvores nativas. As ações envolvem o manejo da planta com uso produtivo, além do plantio experimental de espécies como erva-mate e eucalipto, integrando práticas conservacionistas com geração de renda.
“O projeto trouxe proveito econômico para os agricultores com a retirada da uva-do-japão, além de fortalecer o cultivo de eucalipto”, relatou o agricultor João Taiok, da Associação dos Agricultores São João Batista do Assungui.
Ciência paranaense que gera transformação
Os dois projetos revelam como as universidades estaduais do Paraná aplicam o conhecimento científico em ações inovadoras, sustentáveis e transformadoras. Seja com a mobilidade limpa da Unioeste ou com a valorização da floresta promovida pela Unicentro, essas iniciativas mostram o potencial da ciência aplicada para promover desenvolvimento regional, inclusão social e protagonismo ambiental.