(Foto: Jean Lucredi/CMC)
Requerimento do vereador João Bettega gerou confusão no plenário e foi rejeitado por 16 a 5 votos na Câmara Municipal de Curitiba.
Uma proposta inusitada agitou a sessão da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) nesta terça-feira, 1º de abril. O vereador João Bettega (União) apresentou um voto de congratulações e aplausos ao Governo do Paraná pelo financiamento do videoclipe “Lesbikas”, da banda “Horrorosas Desprezíveis”. A iniciativa, que o próprio parlamentar admitiu ter sido uma ironia para marcar o Dia da Mentira, causou um intenso debate e acabou sendo rejeitada pelo plenário por 16 votos a 5.
Vereador questiona financiamento público de videoclipe
Durante a discussão, Bettega questionou a adequação do uso de dinheiro público para financiar um videoclipe com conteúdo sexual, mencionando a presença de “pênis de borracha”. Ele justificou a proposta como uma forma de protesto contra o que considera investimento equivocado na área cultural, alegando ter sido alvo de perseguição e processos por suas críticas anteriores. “Não vou colocar em xeque a sexualidade da pessoa, mas acredito que não podemos tolerar coisas com esse teor sexual sendo financiadas [com dinheiro público]”, argumentou o vereador.
Rejeição da proposta e elogios pela estratégia
Apesar de ter recebido elogios pela estratégia incomum dos vereadores Eder Borges (PL) e Bruno Secco (PMB), o requerimento de Bettega foi derrubado após 90 minutos de discussão. O próprio autor da proposta chegou a pedir sua rejeição, admitindo o uso da ironia para provocar o debate sobre o financiamento de projetos culturais com recursos públicos. No entanto, a condução do debate por Bettega recebeu críticas de oito vereadores de diferentes espectros ideológicos.
Confusão e críticas à postura do vereador
A votação gerou confusão entre os parlamentares. Pier Petruzziello (PP) admitiu sua perplexidade, temendo que o voto pudesse ser interpretado como uma oposição ao Governo do Paraná. Ele chegou a pedir que Bettega retirasse o requerimento, mas não foi atendido. O plenário também negou o pedido de votação nominal feito por Bettega, mantendo a votação simbólica, que precisou ser verificada diversas vezes pelo presidente da sessão, Nori Seto (PP). “Se nós temos dúvidas, imagina a população”, ponderou Marcos Vieira (PDT).
Debate sobre fiscalização e respeito no plenário
A vereadora Indiara Barbosa (Novo) criticou o tempo gasto com a discussão, defendendo a importância da fiscalização dos gastos públicos, mas sugerindo que o debate poderia ter sido mais ágil. Laís Leão (PDT) acusou Bettega de desrespeitar a população ao usar o plenário como suas redes sociais, cobrando seriedade e respeito no trabalho legislativo. Camilla Gonda (PSB) também se manifestou, considerando a votação uma “piada para a população” e cobrando ações concretas do vereador em relação à fiscalização dos recursos públicos.
Diferentes opiniões sobre a obra e a liberdade de expressão
Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) ironizou a postura de “crítico de arte” de Bettega, classificando a situação como uma “palhaçada” diante dos problemas sérios enfrentados pela cidade. Vanda de Assis (PT) defendeu a liberdade de expressão artística, argumentando que o julgamento da cultura deve ser feito pela sociedade, e não por autoridades. Angelo Vanhoni (PT) votou a favor do requerimento, ironicamente, parabenizando o governo pela liberdade cultural.
Apoio com críticas ao financiamento público
Bruno Secco (PMB), que apoiou o requerimento, criticou o financiamento do videoclipe, afirmando que ele não teria passado pelo governador Ratinho Júnior e defendendo a necessidade de “curadoria” na Secretaria da Cultura para separar “arte” de “lixo”. Eder Borges (PL) classificou o requerimento como “espirituoso” e uma forma de chamar a atenção para a questão do financiamento público de projetos culturais, comparando o videoclipe a um “punk de boutique” que “mama na teta do Estado”. A íntegra do debate está disponível no canal da CMC no YouTube.
Agência Notícias da Câmara Municipal de Curitiba