(Foto: José Cruz)
Elevação de 12,2% no ano passado supera projeções, mas permanece dentro do limite estabelecido pelo governo
A Dívida Pública Federal (DPF) encerrou 2024 com um salto de 12,2%, atingindo a marca de R$ 7,316 trilhões, conforme dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta terça-feira (4). O resultado supera os R$ 6,52 trilhões registrados em 2023, refletindo o impacto da alta taxa de juros e da crescente demanda por títulos indexados à Selic.
Apesar do expressivo aumento, o valor final da DPF em 2024 se manteve dentro da banda de R$ 7 trilhões a R$ 7,4 trilhões, estabelecida pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) revisado em setembro do ano passado.
Apenas em dezembro, a DPF apresentou um crescimento de 1,55% em comparação com novembro, quando o montante era de R$ 7,204 trilhões.
Fatores de influência
A Dívida Pública Mobiliária (DPMFi), que compreende os títulos internos, avançou 11,13%, passando de R$ 6,269 trilhões em 2023 para R$ 6,967 trilhões em 2024.
Dois fatores principais contribuíram para essa elevação:
- Emissão líquida de títulos: O Tesouro emitiu R$ 24,82 bilhões em títulos a mais do que resgatou em 2024, com destaque para os papéis corrigidos pela Taxa Selic.
- Apropriação de juros: A alta taxa Selic, que se manteve em 12,25% ao ano em dezembro de 2024, resultou na apropriação de R$ 673,875 bilhões em juros, impactando diretamente o estoque da dívida pública.
No mercado externo, a Dívida Pública Federal Externa (DPFe) também registrou um aumento significativo de 38,87%, atingindo R$ 349,19 bilhões em 2024, impulsionada pela valorização do dólar frente ao real.
Outros indicadores
- Colchão da dívida: A reserva financeira utilizada em momentos de instabilidade apresentou uma redução, passando de R$ 982,37 bilhões em 2023 para R$ 860,15 bilhões em 2024, o menor patamar desde fevereiro de 2016.
- Prazo médio da DPF: Houve um leve aumento no prazo médio da dívida, de 3,95 anos para 4,05 anos, indicando maior confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar seus compromissos.
- Composição da DPF: A proporção de títulos indexados à Selic cresceu de 39,66% em 2023 para 46,29% em 2024, refletindo a demanda por papéis atrelados à taxa de juros.
Detentores da dívida
As instituições financeiras se mantiveram como as principais detentoras da DPF interna, com 29,5% de participação, seguidas pelos fundos de pensão (23,9%) e fundos de investimento (21,7%). A participação de investidores não residentes também cresceu, atingindo 10,2% em 2024.
Contexto
A dívida pública é um instrumento utilizado pelo governo para financiar seus gastos e investimentos. O aumento da dívida em 2024 reflete, em grande parte, o cenário macroeconômico, marcado pela alta taxa de juros e pela valorização do dólar.
É importante ressaltar que a gestão da dívida pública é um desafio constante para o governo, que busca conciliar o financiamento de suas atividades com a manutenção da sustentabilidade fiscal.
Agência Brasil