(Foto: Tom Brenner)
Uma Análise da Busca pela Hegemonia do Dólar
A recente ameaça do presidente dos Estados Unidos de impor tarifas de 100% sobre importações de países do BRICS que substituírem o dólar em transações comerciais reacendeu o debate sobre a hegemonia da moeda americana no mercado global. Especialistas consultados pela Agência Brasil apontam que a medida visa preservar o papel central do dólar na economia mundial.
O Dólar como Arma de Dominação
O professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Gilberto Maringoni, destaca que a principal arma dos Estados Unidos para exercer sua influência global é a hegemonia do dólar no comércio internacional. “A perda do poder do dólar implica uma perda do poder dos Estados Unidos, do poder imperial sobre o mundo”, explica Maringoni, ressaltando que a moeda americana é o centro da influência militar, financeira e política do país.
Ameaças Geopolíticas
O pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Ronaldo Carmona, ecoa a preocupação com a utilização do dólar como instrumento geopolítico, citando o exemplo do congelamento das reservas russas em dólar. “Os países percebem que a dependência do dólar é algo que pode ser bastante contraproducente, uma vez que há muitos exemplos do uso do dólar como uma arma”, afirma Carmona.
A Retórica da Força
O presidente americano expressou sua determinação em manter a hegemonia do dólar, afirmando que países que desafiarem a moeda americana enfrentarão tarifas elevadas. “Não há chance de que o BRICS substitua o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tente deve dizer adeus à América”, declarou o ex-presidente em uma rede social.
O Poder da Taxa de Juros
Maringoni explica que a hegemonia do dólar permite aos Estados Unidos controlar as taxas de juros globais, impactando diretamente as economias de outros países. “Quando o FED mexe nas taxas de juros, isso impacta as taxas de juros no Brasil e outros países da periferia”, analisa o professor.
O Desafio do BRICS
O BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, tem buscado alternativas para reduzir a dependência do dólar em suas transações comerciais. A criação de uma moeda própria para o bloco foi um dos temas centrais da cúpula deste ano, realizada em Kazan, na Rússia.
Limites da Estratégia Trumpista
Especialistas apontam que a estratégia de taxar produtos de países que desafiam a hegemonia do dólar possui limites. Maringoni destaca que a medida pode elevar os custos para empresas americanas que dependem de importações, enquanto Carmona alerta para o risco de aumento da inflação nos Estados Unidos.
O Posicionamento do Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido a criação de uma moeda para transações comerciais entre os membros do BRICS, visando reduzir a vulnerabilidade do bloco em relação ao dólar. A ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do BRICS, também se manifestou a favor da substituição do dólar nas relações comerciais do bloco.
A disputa pela hegemonia do dólar no cenário internacional promete ser um dos temas centrais da geopolítica mundial nos próximos anos, com o BRICS desafiando o papel central da moeda americana e buscando alternativas para fortalecer suas economias.
Agência Brasil