Por Livia Andrade – Engajada, feminista e com olhar social afiado.
O Brasil bate recordes de exportação de grãos, mas segue convivendo com a fome. O agronegócio se gaba de alimentar o mundo, mas se esquece de alimentar sua própria gente. A monocultura avança sobre a floresta, sobre os rios, sobre os povos — e nos vendem isso como progresso.
Mas progresso para quem?
Não se trata de demonizar o produtor rural, mas de encarar a verdade: o modelo atual é insustentável. Ambientalmente, economicamente e socialmente. Queimamos reservas naturais, expulsamos comunidades tradicionais e concentramos a terra em poucas mãos.
Enquanto isso, indígenas seguem sendo assassinados, quilombolas desrespeitados e pequenos agricultores abandonados à própria sorte.
A crise climática já chegou. Está nos deslizamentos, nas estiagens, nas enchentes que destroem cidades inteiras. Mas parece que só reagiremos quando o último rio secar, como diz a profecia indígena.
É hora de pensar política ambiental com coragem. Incentivar a agricultura familiar, valorizar a agroecologia, ouvir os povos originários, rever prioridades. Porque cuidar da terra não é pauta ideológica — é questão de sobrevivência.
Não se trata de salvar o planeta. O planeta vai sobreviver. Nós é que talvez não.