(Foto: Divulgação)
Do arquiteto Solano Benítez: Centro Pompidou Paraná unirá tradição e modernidade em design pioneiro
O arquiteto paraguaio Solano Benítez propõe uma construção inovadora em Foz do Iguaçu, utilizando tijolos feitos com a terra local, em um design que dialoga com a paisagem e valoriza a experiência humana. A licitação do museu, com investimento de R$ 200 milhões, deve sair ainda neste ano.
O Centro Pompidou Paraná, confirmado como o primeiro satélite do renomado Centre Pompidou nas Américas, teve novas projeções de seu projeto arquitetônico divulgadas pela Secretaria de Estado da Cultura. Assinado pelo arquiteto paraguaio Solano Benítez, o projeto propõe uma arquitetura que valoriza a convivência, a simplicidade e uma profunda relação com o território, unindo saberes tradicionais e soluções contemporâneas.
O novo espaço será construído ao lado do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, com um investimento de cerca de R$ 200 milhões do Governo do Estado. A licitação está prevista para acontecer ainda neste ano, e a inauguração deve ocorrer em 2027.
Mais do que um edifício, Benítez foi convidado para criar um lugar onde as pessoas se sintam parte, integrado ao coração da Mata Atlântica brasileira. “A gente precisa facilitar o aprendizado. E para isso, é preciso garantir tempo e espaço para a imaginação”, afirma o arquiteto. O Centro Pompidou Paraná deve apresentar acessos imersivos, grandes salões que moldarão as exposições e uma área central para observação e encontros.
“Este é um momento que inaugura não apenas um novo capítulo da história cultural do Paraná, mas também um gesto concreto de diplomacia cultural entre Brasil e França”, destaca Luciana Casagrande Pereira, secretária de Estado da Cultura.
Inovação Com Materiais Simples: O Tijolo Como Protagonista
A proposta arquitetônica de Solano Benítez baseia-se no uso de materiais simples, como o tijolo, que será produzido com a própria terra de Foz do Iguaçu – e pode inclusive ser extraído da área de construção. Essa escolha dialoga diretamente com a paisagem local e a experiência cotidiana da população.
Para Benítez, utilizar o mesmo material presente nas casas da cidade é uma forma de inclusão. “Se você consegue fazer uma obra extraordinária com aquilo que uma pessoa comum tem à disposição, você está mostrando a ela novas possibilidades de vida.” O museu será erguido com um sistema que combina tijolos romanos e concreto armado, unindo técnicas ancestrais com soluções industriais modernas, num conceito de que inovar não significa negar o passado, mas sim utilizá-lo como base para o avanço.
Benítez, premiado com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2016, é reconhecido por criar estruturas de forte apelo estético a partir de elementos modestos, aliando beleza, engenhosidade e função social em suas obras.
Museu natural: integração com o entorno e sustentabilidade
O projeto do museu foi concebido como um ambiente aberto e acolhedor, com forte integração ao entorno. A proposta inclui uma praça pública, salas de exposição, biblioteca, restaurante, ateliês educativos, áreas para espetáculos e laboratórios de residência artística. A arquitetura leva em conta as condições reais do território: clima, luz, vegetação e relevo, influenciando diretamente o design do edifício.
“O vínculo com a natureza precisa estar presente”, afirma o arquiteto. A concepção arquitetônica se baseia em uma “pele” de painéis de tijolo, que concentra as circulações e envolve os espaços principais do museu, criando um microclima artificial interno.
Para Benítez, a sustentabilidade vai além de certificados, residindo na forma de pensar a construção, inspirando-se em arquiteturas indígenas e suas séculos de sabedoria. O projeto aproveita recursos locais, evita excessos e valoriza técnicas que podem envolver a comunidade.
A localização estratégica, ao lado do Parque Nacional do Iguaçu, também é um fator crucial. A floresta, assim como as pessoas, deve se integrar naturalmente ao espaço, sem delimitações rígidas de “dentro” ou “fora”. O projeto incorpora a mata resiliente que nasce espontaneamente no terreno, propondo um paisagismo que se integra ao percurso do visitante e aos programas públicos.
Identidade regional e foco cultural
Para Carolina Loch, diretora de implantação do Centro Pompidou Paraná, o projeto terá características singulares, com a arquitetura como atrativo em si, mas, acima de tudo, será um palco para conexões culturais. “Nas últimas semanas estamos ouvindo a sociedade de Foz do Iguaçu e região para construir um museu que pertence às pessoas, que reflete suas histórias e atende suas necessidades”, explica.
A unidade de Foz do Iguaçu focará em arte moderna e contemporânea, sendo também um espaço de formação, intercâmbio e experimentação. A curadoria será feita em conjunto com a equipe francesa, com destaque para a produção latino-americana e exposições que dialoguem com o Sul Global.
Foz do Iguaçu, pela sua diversidade cultural e localização na Tríplice Fronteira, é um símbolo do encontro de diferentes povos. O museu pretende refletir essa pluralidade, servindo como exemplo da experiência humana. “A presença de comunidades árabes, libanesas, asiáticas, brasileiras, paraguaias e argentinas precisa se traduzir em um espaço no qual todos se sintam bem-vindos”, destaca Carolina Loch.
Próximos passos
Com a divulgação desses detalhes, a expectativa agora se volta para o lançamento da identidade visual e da marca definitiva do museu, previsto para setembro, quando também será publicado o edital de construção. Os trabalhos técnicos e curatoriais, em conjunto com o Centre Pompidou, seguem em andamento.
