Escalada no Oriente Médio: Israel declara expansão de operações militares em Gaza com retirada de civis

Conflito Israel-Palestina

(Foto: Mohammed Salem)

Novas áreas do enclave palestino serão anexadas a zonas de segurança israelenses, acompanhadas de grandes deslocamentos populacionais.

O conflito na Faixa de Gaza atingiu um novo patamar nesta quarta-feira, com Israel anunciando uma significativa expansão de suas operações militares. A declaração indica a tomada de extensas áreas do enclave palestino, que serão incorporadas às zonas de segurança israelenses, e a implementação de retiradas em larga escala da população civil.

Ministro da Defesa israelense condiciona fim da guerra à eliminação do Hamas

Em comunicado oficial, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, informou que as retiradas de civis ocorrerão nas áreas onde os combates se intensificarem. Ao mesmo tempo, Katz instou os habitantes de Gaza a se mobilizarem contra o Hamas e a promoverem a libertação dos reféns israelenses, apresentando essas ações como a única via para o fim do conflito. Ele afirmou que a operação militar tem como objetivo eliminar os militantes do Hamas e sua infraestrutura, além de “tomar grandes áreas que serão adicionadas às zonas de segurança do Estado de Israel”.

Hamas reage e descarta libertação de reféns sob pressão militar

A reação do Hamas não tardou. Basem Naim, uma alta autoridade do grupo, declarou à agência Reuters que a libertação dos reféns israelenses só ocorrerá por meio de negociações e não como resultado de pressão militar, mantendo a postura de resistência do grupo.

Ordens de evacuação e relatos de bombardeios com vítimas civis

As forças militares israelenses já haviam emitido ordens de retirada para os moradores de Gaza que residem nas proximidades da cidade de Rafah, no sul, e na direção de Khan Younis. Os civis foram instruídos a se deslocarem para a área de Al-Mawasi, na costa, previamente designada como zona humanitária. No entanto, o Ministério da Saúde de Gaza reportou que 41 pessoas perderam a vida em bombardeios israelenses nesta quarta-feira (2). Entre as vítimas, 19 pessoas, incluindo crianças, foram mortas em um ataque a uma clínica da ONU que servia de abrigo para pessoas deslocadas. Segundo relatos da rádio palestina, a região ao redor de Rafah estava quase deserta após as ordens de evacuação. Em Khan Younis, testemunhas relataram cenas de horror, com vizinhos perdendo familiares, incluindo bebês, em meio aos ataques.

Incerteza sobre a extensão da anexação territorial israelense

A declaração do ministro Katz não esclareceu a dimensão exata da área que Israel pretende confiscar, nem se a medida representa uma anexação permanente de território. Caso se confirme a anexação, a pressão sobre a população de Gaza, que já vive em uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, seria ainda maior. De acordo com o grupo israelense de direitos Gisha, Israel já controla cerca de 62 quilômetros quadrados, o que representa aproximadamente 17% da área total de Gaza, como parte de uma zona de proteção estabelecida ao redor dos limites do enclave. A expansão dessa área de proteção, que inclui infraestrutura vital como poços, estações de bombeamento de esgoto e instalações de tratamento de água, além de uma parcela significativa das terras agrícolas de Gaza, também agravaria a já precária capacidade de autossustento do enclave.

Debate sobre a “saída voluntária” de palestinos

Em paralelo aos anúncios de expansão militar, líderes israelenses mencionaram planos para facilitar a “saída voluntária” de palestinos do enclave. Essa ideia surge após declarações controversas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que teria sugerido o esvaziamento permanente de Gaza e sua reconstrução como um resort costeiro sob controle norte-americano. Essa proposta, no entanto, tem gerado forte reação e preocupação na comunidade internacional.

Agência Brasil

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