Mais jogos e interação: a nova rotina sem celulares em escolas do Paraná

Jogos tabuleiro PR

(Foto: Divulgação)

Mais jogos e interação: a nova rotina sem celulares em escolas do Paraná


Somados cerca de três meses sob a nova rotina, em substituição às telas, a rede pública do Paraná adota alternativas mais analógicas que atraem cada vez mais o interesse dos alunos para além do período de descanso entre uma aula e outra, promovendo aprendizado, interação e novas formas de lazer.

Uma mudança significativa na rotina das escolas públicas do Paraná tem levado os alunos a redescobrir formas de interação e lazer. Desde o início do ano letivo de 2025, com a restrição do uso de aparelhos celulares dentro das instituições, os estudantes têm buscado alternativas para ocupar o tempo, especialmente nos intervalos das aulas. Passados cerca de três meses sob essa nova dinâmica, as opções mais “analógicas” têm se mostrado surpreendentemente atraentes, ganhando o interesse dos alunos até mesmo fora dos momentos de descanso.

Jogos analógicos ganham espaço nos intervalos e além

Em substituição às telas dos celulares, os jogos que utilizam tabuleiros, cartas, dados e peças voltaram à cena nos pátios e bibliotecas das escolas. Essa redescoberta tem acontecido tanto por iniciativa das próprias instituições de ensino quanto de forma espontânea entre os estudantes.

No Colégio Estadual José de Anchieta, em Londrina, no Norte do Estado, por exemplo, a escola abraçou a mudança e criou um clube de jogos analógicos e um componente eletivo intitulado “Aprender Jogando”. Um professor de História e Projeto de Vida, que já promovia jogos nos intervalos, aproveitou a restrição para formalizar a ideia, recebendo apoio da direção, que disponibilizou o espaço da biblioteca para o desenvolvimento do projeto. O plano é criar uma ludoteca e levar jogos para serem usados em propostas pedagógicas em sala de aula.

Os jogos analógicos, que não precisam de dispositivos eletrônicos, têm cativado os alunos. Os mais jovens demonstram interesse especial por jogos de dedução social, enquanto os alunos do Ensino Médio se inclinam para jogos que exigem mais habilidades cognitivas, como raciocínio lógico, pensamento abstrato e até colaboração para “vencer o próprio tabuleiro”.

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(Foto: Divulgação)

Clube e eletiva ‘aprender jogando’ em Londrina

No final de abril, alunos do Colégio José de Anchieta fundaram o Clube de Protagonismo de Jogos Analógicos, com o objetivo de proporcionar entretenimento no horário do almoço, promover aprendizagem e desenvolver habilidades socioemocionais. A integração entre os estudantes é um valor central do clube, funcionando como um espaço acolhedor e inclusivo onde as interações sociais positivas são favorecidas, especialmente para alunos atípicos.

O professor responsável observa que os jogos têm mediado bons relacionamentos entre os alunos de diferentes séries, inclusive os do Ensino Fundamental II jogando com estudantes mais velhos do Ensino Médio, o que considera muito saudável.

Qualquer jogo analógico é bem-vindo, mas o foco recai nos jogos analógicos contemporâneos, que têm grande potencial para o desenvolvimento dos alunos. Os estudantes demonstram animação com essa perspectiva. Mariah Inês Lelis, de 15 anos, da 1ª série do Ensino Médio, encontrou nos jogos do intervalo seu “momento favorito do dia” para relaxar, aprender e interagir com colegas de outras turmas, algo que seria mais difícil sem o clube. Há até planos de encontros aos sábados para jogos mais longos.

Já no curso eletivo semanal “Aprender Jogando”, os alunos estudam os benefícios dos jogos para a aprendizagem e desenvolvimento de habilidades, familiarizam-se com diferentes mecânicas e refletem sobre os efeitos das atividades. Em breve, iniciarão a produção de seus próprios jogos analógicos, que deverão abordar conteúdos de diversas disciplinas e desenvolver habilidades importantes, inclusive para exames nacionais. A expectativa é que essa experiência possa gerar artigos para feiras de iniciação científica.

Redescoberta da interação e benefícios para o aprendizado e bem-estar

A mudança na rotina escolar tem levado à redescoberta da interação face a face. Alunos percebem que, sem o celular, conseguem prestar mais atenção ao conteúdo das aulas e conversar mais com os colegas nos intervalos, resultando em melhora nas relações e no aprendizado.

Em outras escolas pelo Estado, a mudança também é visível de forma mais natural, com estudantes utilizando mais as quadras para jogos, formando grupos para conversar ou jogando pingue-pongue. A orientação é que as equipes pedagógicas estimulem o diálogo e a mudança de hábito, reforçando que a interação nos momentos de descanso é fundamental, contribuindo inclusive para o equilíbrio e a saúde mental dos estudantes.

Embora o celular ainda seja reconhecido como uma ferramenta pedagógica útil em sala de aula quando direcionado pelo professor, a experiência de cerca de três meses sem o uso recreativo tem mostrado que a criatividade e a interação social encontram em jogos e atividades analógicas um campo fértil para florescer, beneficiando o aprendizado e o bem-estar dos alunos na rede pública do Paraná.

Com informações de Agência de Notícias do Estado do Paraná


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