Por Rafael Vilar – Jovem, inquieto e conectado ao ritmo das cidades.
Outro dia, voltando do centro de Curitiba, vi um senhor deitado na calçada, ao lado de um prédio novo recém-inaugurado. Aquelas torres modernas com fachada de vidro, piscina na cobertura, espaço gourmet e portaria com reconhecimento facial. Do lado de fora, uma lona, um cobertor ralo, um carrinho de supermercado com tudo o que ele tinha.
Aquilo me deu um nó na garganta. Porque se há espaço para luxo, há espaço para dignidade. E se há espaço vazio, há injustiça social.
O Brasil vive hoje uma crise habitacional absurda. Temos mais imóveis vazios do que famílias sem teto. Mas como explicar isso? Simples: porque o direito à moradia virou objeto de especulação.
Nossas cidades não são feitas para gente. São feitas para mercado. Para investidores que nunca pisam nas ruas onde aplicam seu dinheiro. A gentrificação expulsa moradores antigos, destrói comunidades inteiras, e ergue torres para poucos — enquanto a maioria vai morar cada vez mais longe, sem acesso a transporte, saúde, educação ou emprego.
Moradia não é favor. É direito constitucional. E não pode ser tratada como um “custo” do progresso. Nenhum país pode se dizer civilizado se aceita que pessoas durmam ao relento enquanto há prédios vazios cercados por muros.
O futuro das cidades depende de uma escolha simples: queremos viver em condomínios ou em comunidades?