Por Helena Vasques – Espontânea e espirituosa.
Sábado à noite. Chuva fina, cobertor no sofá, meia no pé e pizza no forno. O cenário perfeito para o que eu chamo de “o momento mais esperado da semana”: escolher o que assistir. Só que não é tão simples assim.
Abro o streaming. Vejo a sugestão: “Para você”. Como assim “para mim”? Nem eu sei o que quero! Suspense? Comédia? Drama social ambientado na Suécia pós-guerra com protagonista introspectivo e final aberto? Talvez. Mas e se for muito triste?
Começo a ver trailers. Leio sinopses. Olho as estrelinhas. Consulto as críticas. Entro em um grupo de WhatsApp e pergunto: “alguém viu esse filme aqui?”. A essa altura, a pizza já esfriou. E eu só fiquei mais indecisa.
A liberdade de escolha virou tortura moderna. É tanto conteúdo que ficamos paralisados. E, ironicamente, terminamos a noite assistindo vídeo de cachorro vestido de dinossauro. Ou melhor: dormindo no sofá sem escolher nada.
Sinto saudade da época em que ligar a TV era o suficiente. Quando a programação ditava o que a gente ia ver. Quando não existia essa ansiedade de fazer a “melhor escolha possível”.
Hoje, escolher virou exaustivo. Porque no fundo, a gente só queria rir um pouco, chorar se desse vontade e esquecer, por duas horinhas, que o mundo lá fora exige tanto da gente.