Perigo no arraial: com mais de 800 casos, Paraná intensifica orientações contra queimaduras

Perigo no arraial: com mais de 800 casos, Paraná intensifica orientações contra queimaduras

(Foto: Albari Rosa)

Perigo no arraial: com mais de 800 casos, Paraná intensifica orientações contra queimaduras


Com 831 atendimentos de urgência por queimaduras até junho de 2025 e 615 internações até abril, o Estado reforça a importância dos cuidados redobrados durante as festividades juninas, que envolvem fogueiras, fogos e alimentos quentes.

O Paraná registrou um aumento preocupante nos casos de queimaduras neste ano. De janeiro até a primeira semana de junho de 2025, os serviços de urgência (Samu) e emergência (Siate) atenderam 831 pessoas vítimas de queimaduras. Além disso, os internamentos hospitalares pelo mesmo motivo chegaram a 615 até abril, o que representa uma média de 153 internações por mês. Comparativamente, dados do DataSUS mostram que em 2024 houve 8.682 atendimentos no Paraná, dos quais 1.894 resultaram em internação hospitalar, enquanto Samu e Siate realizaram 1.190 atendimentos gerais por queimaduras. Nos primeiros quatro meses deste ano, os serviços ambulatoriais já registraram 1.838 vítimas.

Alerta para as festas juninas e riscos envolvidos

Para conter o avanço desses números, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e o Corpo de Bombeiros do Paraná lançam um alerta preventivo. As festas juninas, com suas atividades típicas como o preparo de líquidos quentes, o acendimento de fogueiras e o uso de fogos de artifício, são um período de maior risco para acidentes com queimaduras. As ocorrências mais perigosas costumam ser as de segundo grau, que atingem regiões como cabeça, tronco e membros superiores (mãos e braços).

A gravidade das queimaduras (1º, 2º e 3º grau) pode variar, mas em casos mais sérios pode levar à morte, causar morbidade, hospitalização prolongada, desfiguração e incapacidade, além de cicatrizes permanentes. Por isso, a Sesa enfatiza a necessidade de cuidado redobrado ao manipular bebidas e alimentos em temperaturas elevadas.

“É possível manter as tradições, desde que a segurança venha em primeiro lugar. Não podemos permitir que um momento de alegria se transforme em risco à vida. Por isso, reforçamos orientações que fazem toda a diferença nesses períodos”, destaca o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

Orientações de prevenção

As queimaduras podem ocorrer durante o preparo e a ingestão de produtos quentes. É fundamental que as crianças sejam mantidas afastadas do local de preparo e que os cabos das panelas sejam sempre direcionados para a área interna do fogão.

Em relação às fogueiras, as brincadeiras devem ser realizadas a uma distância segura para prevenir queimaduras causadas pelas chamas ou, mais grave, nas vias aéreas pela inalação da fumaça. As fogueiras devem ser posicionadas longe de matas, depósitos de papel ou quaisquer produtos inflamáveis. Ao acender fósforos, é importante manter o palito longe do rosto, para não atingir cabelo ou sobrancelha. Além disso, produtos inflamáveis, como álcool, nunca devem ser utilizados próximo ao fogo e devem ser mantidos fora do alcance de crianças.

A porta-voz do Corpo de Bombeiros do Paraná, capitã Luisiana Guimarães, reforça a importância da atenção no mês de festas juninas. “Nesse período a gente tem mais contato com fogo, a fogueira, alguns fogos de artifício, alimentos quentes. Algumas orientações devem ser seguidas para a prevenção de acidentes relacionados às queimaduras”, afirma. “É preciso tomar cuidado com fogos de artifício, respeitando as orientações e o acendimento da fogueira”.

Ela explica que, caso seja necessário utilizar algum líquido inflamável, como o álcool, deve-se primeiro verificar se não há nenhuma fonte de ignição por perto. “Se houver necessidade de utilizar algum material combustível, como álcool, o acendimento deve ser feito enquanto a fogueira está apagada”, explica. O uso de combustível em fogueiras já acesas pode gerar explosões e causar graves queimaduras.

Perigo no arraial: com mais de 800 casos, Paraná intensifica orientações contra queimaduras
(Foto: SAMU)

Rede de atendimento e campanha Junho Laranja

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento integral e gratuito para vítimas de queimaduras. O Paraná dispõe de 35 leitos especializados pelo SUS, sendo 23 cirúrgicos e 12 de UTI. O Hospital Universitário de Londrina e o Hospital Evangélico Mackenzie, em Curitiba, são referências para esse tipo de internação, voltados para casos graves que exigem internação prolongada. Além disso, a Rede Hospitalar e Assistencial do Estado conta com diversas unidades equipadas e profissionais capacitados para o atendimento de queimaduras de diferentes graus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram aproximadamente 11 milhões de casos de queimaduras que requerem atenção médica globalmente a cada ano, o que equivale a cerca de 30 mil novos casos por dia. Em relação aos óbitos, são mais de 180 mil por ano em todo o mundo.

A capitã Luisiana Guimarães também orienta sobre os primeiros socorros em caso de queimaduras. Para queimaduras de primeiro grau (que causam vermelhidão), a recomendação é colocar a parte queimada sob água corrente fria, com jato suave, por cerca de dez minutos. Compressas úmidas e frias também são indicadas. Em queimaduras de segundo grau (com bolhas), não se deve furar as bolhas, pois o corpo reabsorverá o líquido. Para queimaduras mais profundas (3º grau), em grandes extensões do corpo, ou causadas por substâncias químicas e eletricidade, a vítima necessita de cuidados médicos urgentes, devendo-se acionar o Siate (193) ou o Samu (192).

Ainda sobre prevenção, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Universitário da Universidade de Londrina (UEL), referência no Estado, promove a campanha Junho Laranja. O mês foi escolhido em alusão ao Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, celebrado em 6 de junho. A campanha é nacional, idealizada pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), e este ano foca no tema “Violência contra a mulher: marcas no corpo, feridas na alma”, evidenciando as queimaduras como resultado da violência de gênero.

Com informações de Agência de Notícias do Governo do Paraná


Alfredo R. Martins Jr. é jornalista e a voz principal do Jornal O Paranaense. Formado em Comunicação Social com especializações em Marketing e Gestão de Comunicação, possui mais de 17 anos de experiência na análise do cenário paranaense. Sua missão é traduzir a complexidade da política, economia e cultura do estado em informação clara, acessível e relevante para o leitor.
Alfredo R. Martins Jr.

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