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Risco no jogo: maioria dos apostadores cai em sites ilegais e perde proteção no Brasil
Pesquisa recente revela que, apesar da regulamentação, 61% dos apostadores brasileiros utilizaram bets ilegais este ano, com 78% achando difícil distinguir sites legais dos irregulares. O mercado ilegal já causou uma perda fiscal de até R$ 2,7 bilhões em três meses.
Apesar da regulamentação do setor de apostas no Brasil ter entrado em vigor em 1º de janeiro de 2025, uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 12 de junho de 2025, pelo Instituto Locomotiva, revela um cenário preocupante: seis em cada dez apostadores brasileiros utilizaram plataformas irregulares este ano. Surpreendentemente, 61% dos entrevistados admitiram ter feito apostas em bets ilegais, muitas vezes sem a plena consciência dos riscos e da ausência das proteções oferecidas por operadores licenciados.
A pesquisa, realizada em abril e maio com 2 mil apostadores adultos, detalha a dificuldade dos usuários em navegar neste novo ambiente:
- 78% dos entrevistados consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais.
- 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas.
- Alarmantes 46% já depositaram dinheiro em uma plataforma que, posteriormente, foi identificada como falsa ou irregular.
Segundo o Instituto Locomotiva, pessoas de menor renda e escolaridade são as mais afetadas por esse problema, devido ao desconhecimento dos mecanismos de proteção oferecidos pelas plataformas regulamentadas. O instituto ainda aponta que os operadores ilegais utilizam táticas como “o uso de nomes semelhantes aos de marcas legalizadas, mudanças frequentes de domínio e publicidade desregulada por meio de influenciadores digitais, com promessas enganosas de lucro fácil”.
Diante desse cenário, 87% dos apostadores defendem que o poder público atue de forma incisiva contra as plataformas de apostas irregulares. “Os dados representam mais do que um diagnóstico do setor. São um chamado urgente para uma ação coordenada entre autoridades, operadores licenciados e a sociedade civil, com o objetivo de proteger o cidadão, garantindo a integridade e a sustentabilidade do setor de apostas no Brasil”, ressalta o Instituto Locomotiva.
Impacto fiscal e desafios para a regulamentação
O estudo “Fora do Radar: Dimensionamento e Impactos Socioeconômicos do Mercado Ilegal de Apostas no Brasil”, elaborado pela LCA Consultores com apoio do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), complementa a pesquisa do Locomotiva. O levantamento estima que entre 41% e 51% do mercado brasileiro de apostas online ainda opera na ilegalidade. Isso resultou em um impacto fiscal de R$ 1,8 bilhão a R$ 2,7 bilhões que deixaram de ser arrecadados em apenas três meses, com a projeção de que esse montante possa chegar a R$ 10,8 bilhões em um ano.
Para Fernando Vieira, presidente executivo do IBJR, esses números são “estarrecedores” e evidenciam a urgência de um combate efetivo ao mercado ilegal. Ele critica o recente aumento da carga tributária para as empresas regulamentadas, ocorrido cinco meses após as condições de operação terem sido pactuadas com o governo.
“Isso traz uma quebra de confiança e enorme insegurança jurídica para o setor e para o Brasil. Todos acabam perdendo: os operadores mais sufocados com impostos, o apostador sem a proteção das regras do mercado formal, e o governo que, com esse estímulo à ilegalidade, acabará prejudicando não só o mercado, mas também a própria arrecadação”, argumentou Vieira.
Eric Brasil, diretor de Regulação e Políticas Públicas da LCA Consultores, reforça que o desafio atual reside em um combate “bem articulado e intensivo do mercado ilegal”. Ele destaca que “a redução do mercado ilegal traz uma série de benefícios à sociedade brasileira, desde proteção aos apostadores e combate ao crime organizado, passando pelo aumento da arrecadação do governo, fundamental nesse momento de crise fiscal”.

Como identificar um site de apostas seguro?
Para proteger os apostadores e garantir que as transações sejam realizadas em plataformas seguras e legais, é fundamental estar atento a alguns critérios:
- Domínio Oficial: Sites autorizados pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda, devem obrigatoriamente utilizar o domínio “.bet.br”.
- Sistema de Cadastro Rigoroso: Plataformas legais adotam um sistema rígido de cadastro, que exige reconhecimento facial para impedir o acesso de menores de 18 anos, além do envio de documentos e outras checagens para identificar o apostador.
- Mecanismos de Jogo Responsável: Sites seguros oferecem a possibilidade de o apostador estabelecer limites de perdas financeiras e tempo de jogo, além de mecanismos para detectar comportamentos de risco e enviar alertas.
- Métodos de Pagamento Seguros: As plataformas oficiais permitem apenas transações via Pix e débito da conta do titular do cadastro. Não aceitam cartões de crédito nem criptomoedas.
- Autoexclusão: Oferecem mecanismos de autoexclusão para apostadores que desejam se afastar do jogo.
Em caso de dúvidas, a recomendação é sempre conferir a lista dos sites autorizados a operar no Brasil na página oficial do Ministério da Fazenda.
Com informações de Agência Brasil
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