(Foto: Amanda Perobelli)
Diretora da agência de comércio da Organização das Nações Unidas faz alerta sobre o impacto das políticas tarifárias.
A imposição de tarifas abrangentes sobre importações pelo ex-presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, e as potenciais contramedidas podem ter um impacto “catastrófico” sobre os países em desenvolvimento, sendo mais danosas até mesmo do que cortes na ajuda externa. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (11) por Pamela Coke-Hamilton, diretora da agência de comércio das Nações Unidas.
Impacto no comércio global e no PIB
Segundo o Centro de Comércio Internacional (ITC), o comércio global pode encolher entre 3% e 7%, e o Produto Interno Bruto (PIB) global, 0,7%, sendo os países em desenvolvimento os mais vulneráveis a esses efeitos. “Isso é enorme”, declarou Pamela Coke-Hamilton, diretora executiva do ITC, à agência Reuters. Ela alertou que, caso a escalada entre China e EUA continue, poderá resultar em uma redução de 80% no comércio bilateral, com consequências em cascata potencialmente catastróficas para a economia global.
Escalada da guerra comercial
Os mercados globais demonstraram instabilidade nesta sexta-feira. Nesta semana, Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas para diversos países, mas elevou as tarifas sobre produtos chineses para uma taxa efetiva de 145%. Em resposta, Pequim aumentou suas tarifas sobre importações norte-americanas para 125%, intensificando uma guerra comercial que ameaça desestabilizar as cadeias de suprimentos globais.
Tarifas mais danosas que corte de ajuda externa
“As tarifas podem ter um impacto muito mais prejudicial do que a remoção da ajuda externa”, alertou Coke-Hamilton, enfatizando que as economias em desenvolvimento correm o risco de perder os ganhos econômicos conquistados nos últimos anos. O ITC sugere que alguns dos países menos desenvolvidos do mundo, como Lesoto, Camboja, Laos, Madagascar e Myanmar, podem buscar fortalecer as relações comerciais regionais para compensar a perda de parte do mercado dos EUA para suas exportações.
Potenciais perdas para Bangladesh
Bangladesh, o segundo maior exportador de vestuário do mundo, poderia enfrentar uma perda de US$ 3,3 bilhões em exportações anuais para os EUA até 2029 caso a tarifa americana de 37% permaneça após o período de pausa, de acordo com dados do ITC. Coke-Hamilton sugeriu que o país poderia buscar mercados alternativos na Europa, que ainda apresentam potencial de crescimento.
Projeções anteriores à pausa tarifária
As projeções do ITC, uma agência conjunta da Organização Mundial do Comércio e das Nações Unidas com o objetivo de auxiliar países em desenvolvimento através do comércio, foram baseadas em dados coletados antes do anúncio da pausa de 90 dias de Trump e dos subsequentes aumentos nas tarifas sobre as importações chinesas.
Agência Brasil