(Foto: MON)
Legado de Poty Lazzarotto em destaque: MON leva arte e história a Morretes
O Museu Oscar Niemeyer democratiza o acesso à arte ao apresentar 50 desenhos da sua coleção permanente de Poty Lazzarotto no Instituto Mirtillo Trombini, em Morretes, a partir de 14 de junho.
O Museu Oscar Niemeyer (MON) celebra a arte e a cultura paranaense levando a Morretes, no Litoral do Estado, a exposição “Vida em Preto e Branco: Desenhos de Poty”. Com curadoria de Ricardo Freire, a mostra é um cuidadoso recorte de 50 desenhos que fazem parte do vasto acervo de mais de 4 mil obras do artista na coleção permanente do MON. A população de Morretes e visitantes terão a oportunidade de apreciar essa coleção a partir de sábado, 14 de junho, no Instituto Mirtillo Trombini.
O legado de Poty Lazzarotto e a missão do MON
A secretária estadual da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, ressalta a importância da iniciativa: “Poty Lazzarotto é um dos maiores nomes da arte brasileira, e sua obra carrega a identidade do Paraná em cada traço. Levar essa coleção a diferentes regiões do Estado é uma forma de democratizar o acesso à arte, fortalecer o sentimento de pertencimento e valorizar a cultura local. É nosso compromisso fazer com que o legado de Poty ultrapasse os muros dos museus e dialogue com o maior número possível de pessoas”.
A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, reforça o compromisso do museu: “Ao ter recebido a responsabilidade de guardar e preservar o precioso legado de Poty Lazzarotto, o Museu Oscar Niemeyer se tornou um local de referência deste genial artista brasileiro. Uma das missões agora é extrapolar as fronteiras e fazer com que a sua obra alcance um público cada vez maior e mais diversificado”.
A expressividade em preto e branco
Com traços marcantes de nanquim, carvão, sombra e hachura, a exposição revela as diversas facetas da vida pelas mãos de Poty Lazzarotto. “Por meio desses desenhos, acompanhamos os estágios quase sempre inevitáveis na existência do homem comum, mas também o caminho dos que saem para fora da curva, os excêntricos, os pecadores ou transgressores, os que se perdem no caminho”, explica o curador Ricardo Freire.
A ausência de cores nos desenhos de Poty, aliada a traços breves e sintéticos, permite captar rapidamente a essência das personagens retratadas. A seleção abrange toda a trajetória do artista, desde sua juventude até seus últimos trabalhos, incluindo estudos para gravuras, ilustrações e registros do cotidiano.
A gigantesca coleção do MON
Em 29 de março de 2022, data de aniversário de Curitiba e, coincidentemente, do nascimento de Poty Lazzarotto, o MON recebeu a maior doação de sua história: aproximadamente 4,5 mil peças do artista. A coleção inclui mais de 3 mil desenhos e 366 gravuras, além de tapeçarias, entalhes, serigrafias e esculturas, diretamente doadas por seu irmão, João Lazzarotto. Esse acervo tem sido fundamental para a consolidação do MON como um dos mais importantes museus da América Latina, quintuplicando seu tamanho nos últimos anos.

O gênio Poty Lazzarotto
Poty Lazzarotto (Curitiba, 1924 – 1998) iniciou sua jornada artística no desenho, consolidando-se posteriormente na gravura, onde se tornou um mestre e fundou o primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Grande parte de sua produção é autobiográfica, retratando desde memórias de infância ligadas a trens até tipos curitibanos e seus cenários.
Sua arte é direta e sem rodeios. Com essa característica espontânea, ilustrou obras consagradas da literatura brasileira, como “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. Além disso, deu vida aos personagens controversos dos contos de outro ícone paranaense, Dalton Trevisan.
Poty também deixou sua marca indelével na paisagem de Curitiba por meio de monumentos e painéis de azulejo e concreto aparente. Exemplos notáveis incluem o painel “Desenvolvimento histórico do Paraná”, de 1953, na Praça 19 de Dezembro, e os painéis da travessa Nestor de Castro, que retratam uma Curitiba antiga e a evolução da cidade.
“Doada ao Museu Oscar Niemeyer, a coleção diz respeito a toda essa produção. Nela é possível encontrar originais tantas vezes reproduzidos em livros e outras publicações sobre o artista. Tomamos contato com os desenhos realizados por ele em sua expedição ao Xingu, em 1967, e adentramos a intimidade de um Poty quase desconhecido”, afirma o curador Ricardo Freire. “Ademais, ainda encontramos esboços, projetos e estudos, e podemos perceber a evolução do traço, desde a sua juventude até a maturidade. Dessa forma, a coleção constitui um verdadeiro material etnográfico sobre o artista”.
Freire complementa: “A coleção também é formada, é claro, por obras consumadas, desenhos, xilogravuras, litogravuras, gravuras em metal, entalhes em madeira e blocos de concreto: milhares de peças que dão um testemunho claro da polivalência do artista. Por meio de Poty, tomamos conhecimento da arte que se fez e se faz no Paraná. Preservar não apenas o legado desse artista, mas sua memória, é, antes de tudo, um dever – tarefa assumida e adequadamente realizada pelo Museu Oscar Niemeyer”.
Serviço:
- Exposição “A Vida em Preto e Branco: Desenhos de Poty”
- Local: Instituto Mirtillo Trombini – Largo Dr. Lamenha Lins – Morretes
- Abertura: 14 de junho