Zoológico de Curitiba recebe 20 Macacos-Prego resgatados em operação pelo Paraná

Zoológico De Curitiba Recebe 20 Macacos-Prego Resgatados Em Operação Pelo Paraná

(Foto: Denis Ferreira Netto)

Zoológico de Curitiba recebe 20 Macacos-Prego resgatados em operação pelo Paraná


Após operação de resgate e avaliação de saúde, primatas que viviam em cativeiro irregular terão ilha adaptada para reaprender a viver em grupo e receber cuidados especializados.

Vinte macacos-prego (Sapajus nigritus) que viviam em abrigos clandestinos em diversas regiões do Paraná ganharam um novo lar nesta quarta-feira (14). Após passarem por uma bateria de exames de saúde, procedimentos cirúrgicos para microchipagem e castração (no caso dos machos), os animais foram transferidos para o Zoológico Municipal de Curitiba, onde terão um espaço seguro e adequado para sua reabilitação.

No novo lar, os macacos passarão por um período de aclimatação de duas semanas, longe do público. Em seguida, serão transferidos para uma imensa ilha no zoológico, equipada com brinquedos e estruturas seguras, alimentação saudável e cuidados especializados. O objetivo é que eles reaprendam a viver em grupo, um dos tantos efeitos colaterais da criação doméstica sem autorização ambiental.

A operação de resgate

A complexa operação de resgate dos macacos-prego foi planejada e executada a partir de dezembro do ano passado, com a formatação da logística e do plano de deslocamento. Os animais foram recapturados (com algumas doações voluntárias) em cidades de oito regionais do Instituto Água e Terra (IAT), contando com o apoio essencial do Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde (BPAmb-FV). As regiões de origem dos macacos incluem Francisco Beltrão, Toledo, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

Após o resgate, os primatas permaneceram por algumas horas na sede principal do IAT, em Curitiba, antes de serem encaminhados, na manhã desta quarta-feira (14), para a clínica veterinária do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba). Lá, passaram por uma avaliação geral de saúde e por procedimentos médicos necessários para garantir sua adequação ao novo ambiente.

“O cativeiro irregular trouxe vários problemas para esses macacos, principalmente na questão da alimentação, já que os cuidadores geralmente não possuem o conhecimento ou os produtos adequados para alimentá-los de forma apropriada”, afirmou o médico veterinário do IAT, Pedro Chaves de Camargo. Ele também alertou para os riscos: “Além disso, essas situações são muito propensas para a transmissão de zoonoses e causar diversos tipos de ferimentos, tanto nos animais quanto nos humanos”.

O coordenador do curso de Medicina Veterinária da UniCuritiba, George Ortmeier Velastin, explicou um dos desafios da adaptação: “Como os macacos são animais muito agressivos, e ficaram muito tempo confinados em pontos diferentes do Estado, vamos medicá-los com moduladores de comportamento para que possam se acostumar uns com os outros e viver juntos no novo ambiente”.

O novo lar no zoológico de Curitiba

Após os procedimentos veterinários, os macacos-prego foram transportados para o Zoológico de Curitiba. Eles permanecerão em um espaço restrito a visitantes por duas semanas para um período de adaptação. Concluído esse processo, serão transferidos para a nova moradia permanente do grupo: o recinto-ilha dos primatas do Zoológico de Curitiba, que estava vazio.

“No zoológico os macacos terão como abrigo um espaço grande e serão monitorados por uma equipe de zootecnistas e médicos veterinários qualificados que garantirão qualidade de vida. Terão uma sobrevida muito mais saudável, algo próximo do que eles teriam em vida livre”, destacou Pedro Chaves de Camargo.

A ação contou com o apoio da Prefeitura de Curitiba, UniCuritiba e Universidade Paranaense (Unipar). O secretário de Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, ressaltou a importância da iniciativa: “Cuidar bem dos animais é uma missão de quem cuida do meio ambiente. Com esse trabalho vamos garantir um local seguro para esses macacos, em um espaço que é referência nacional em cuidados”.

Edson Ferraz Evaristo de Paula, diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, complementou: “O Zoológico de Curitiba mais uma vez cumpre uma de suas principais funções, que é servir de abrigo à fauna vítima de tráfico e de situações de maus-tratos”.

Zoológico De Curitiba Recebe 20 Macacos-Prego Resgatados Em Operação Pelo Paraná
(Foto: Denis Ferreira Netto)

Sobre o Macaco-Prego e a legislação

O macaco-prego (Sapajus nigritus) é uma espécie de primata de hábitos diurnos, que vive em árvores e se distribui por vários países da América do Sul. Sua alimentação é predominantemente de frutos, mas também inclui pequenos vertebrados.

Os grupos sociais variam entre 10 e 20 indivíduos, com territórios que podem ir de 355 a 850 hectares. A gestação dura cerca de 180 dias, e os filhotes nascem com aproximadamente 210 gramas, permanecendo agarrados à mãe. A maturidade sexual é alcançada aos cinco anos de idade, e os machos só se reproduzem ao assegurar posições elevadas na hierarquia do grupo.

Desde 2011, o Instituto Água e Terra (IAT) é responsável, em parceria com os municípios, pela gestão e controle da fauna silvestre em cativeiro. O órgão também oferece suporte para ações de fiscalização, apreensão, reabilitação e monitoramento da fauna vitimada pelo comércio ilegal, tráfico, cativeiro irregular e maus-tratos, além de visar a conservação da fauna silvestre na região.

A legislação brasileira é clara quanto à proteção da fauna. O artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998) proíbe “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”, com pena prevista de seis meses a um ano de prisão, além de multa.

Denuncie

Ao avistar animais machucados ou vítimas de maus-tratos, tráfico ilegal ou cativeiro irregular, o cidadão deve entrar em contato com a Ouvidoria do Instituto Água e Terra ou da Polícia Militar do Paraná. Outra opção é ligar para o Disque Denúncia 181 e informar de forma objetiva e precisa a localização e o que aconteceu com o animal. Quanto mais detalhes sobre a ocorrência, melhor será a apuração dos fatos e mais rapidamente as equipes conseguirão fazer o atendimento.

Com informações de Agência de Notícias do Estado do Paraná


Alfredo R. Martins Jr. é jornalista e a voz principal do Jornal O Paranaense. Formado em Comunicação Social com especializações em Marketing e Gestão de Comunicação, possui mais de 17 anos de experiência na análise do cenário paranaense. Sua missão é traduzir a complexidade da política, economia e cultura do estado em informação clara, acessível e relevante para o leitor.
Alfredo R. Martins Jr.

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