(Foto: Marcelo Casal Jr.)
Previsão é inferior aos 2,4% projetados no fim de 2024, refletindo a desaceleração da economia e a expectativa de manutenção da taxa Selic em patamar elevado, com impacto no consumo e nos investimentos.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou sua nova projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025, estimando uma alta de 2,3% para a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Esta nova previsão representa uma ligeira redução em relação à projeção anterior, que era de 2,4% e havia sido feita no fim do ano passado, para este ano. Segundo o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, a revisão para baixo se deve à desaceleração da economia, que está sendo mais intensa do que a CNI esperava, e aos sinais de que o Banco Central poderá promover novas elevações na taxa Selic, a taxa básica de juros.
Projeções por setor e desaceleração
Caso a projeção de 2,3% se confirme, o desempenho do PIB em 2025 será o menor em cinco anos e representará um recuo de 1,1 ponto percentual em comparação com o crescimento da economia brasileira registrado em 2024, que foi de 3,4%. A CNI projeta que o PIB da indústria deverá crescer 2% neste ano (abaixo dos 3,3% de 2024) e o do setor de serviços, 1,8% (menor que os 3,7% de 2024). Ambos os setores, caso as projeções se concretizem, terão um recuo em suas taxas de crescimento.
Mário Sérgio Telles explica que a economia brasileira tem apresentado claros sinais de desaceleração desde o último trimestre de 2024, quando o PIB cresceu apenas 0,2%, um resultado bem inferior ao observado nos trimestres anteriores. Ele aponta para um “desaquecimento geral da economia”. A CNI prevê, como consequência, um menor ritmo de expansão da demanda agregada, o que deverá impactar negativamente tanto a indústria quanto o setor de serviços ao longo do ano.
Desempenho por ramos da Indústria e outros setores
Ao analisar os ramos específicos da indústria, a CNI projeta que a indústria de transformação deverá crescer 1,9% em 2025, o que representa metade da taxa de 3,8% registrada em 2024. A construção também deve ter uma perda considerável no ritmo de crescimento, passando de 4,3% em 2024 para uma previsão de 2,2% neste ano.
Por outro lado, alguns setores devem apresentar um desempenho melhor em 2025 em comparação com o ano passado. A indústria extrativa tem um crescimento projetado de 1% (acima dos 0,5% de 2024). A agropecuária, que apresentou queda de 3,2% em 2024, tem uma estimativa de crescimento de 5,5% neste ano, representando um resultado significativamente melhor.
Outras projeções econômicas para 2025
A CNI também divulgou projeções para outros importantes indicadores econômicos para o fim de 2025. A estimativa é que a taxa de juros real encerre o ano em 9,8% ao ano, um patamar mais elevado do que os 7% de 2024. Prevê-se um crescimento real de 6,5% nas concessões totais de crédito, abaixo dos 10,6% apurados no ano passado.
As despesas do governo devem fechar o ano com um crescimento real de 2%, segundo as projeções da CNI, também abaixo da taxa de 3,7% registrada em 2024. O consumo das famílias deverá ter um aumento de 2,2%, o que representa menos da metade do crescimento observado no ano passado (4,8%).
No mercado de trabalho, esperam-se expansões menos intensas do que em 2024 no contingente de pessoas ocupadas (de 2,8% em 2024 para 0,5% neste ano) e na massa salarial (de 7,6% em 2024 para 4,8% neste ano). A CNI projeta reduções no ritmo de crescimento dos investimentos no país (de 7,3% em 2024 para uma previsão de 2,8% em 2025) e da demanda externa. Segundo a confederação, o cenário externo deverá sentir os impactos da nova política comercial dos Estados Unidos.
Agência Brasil
