(Foto: Divulgação AEN)
Guerra dos elétricos: Ratinho Junior e governadores pressionam União contra benefícios a montadoras
Em carta a Alckmin, governadores dos seis maiores estados produtores pedem o adiamento da decisão que pode reduzir tarifas para kits de veículos importados; Anfavea e sindicatos temem desindustrialização.
Uma verdadeira “guerra fria” industrial eclodiu em Brasília e a decisão final acontece nesta quarta-feira (30). De um lado, novas montadoras de veículos elétricos, como a chinesa BYD, pedem a redução do imposto de importação para kits de carros desmontados.
Do outro, a Anfavea, que representa as montadoras tradicionais, sindicatos e os governadores dos seis maiores estados produtores do Brasil, incluindo o Paraná, pressionam contra a medida. A batalha, que envolve ameaças de suspensão de investimentos bilionários, será travada na reunião da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX).
Governadores entram em campo e pressionam o Governo
Em um movimento de grande peso político, os governadores dos seis estados que concentram a produção automotiva nacional — incluindo Ratinho Junior (PR), Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG) — enviaram uma carta conjunta ao vice-presidente Geraldo Alckmin.
No documento, eles manifestam “profunda preocupação” e pedem o adiamento da decisão. Os governadores alertam que a medida pode “desestimular a industrialização local, prejudicar fornecedores nacionais e comprometer milhares de empregos qualificados”.
O argumento da BYD: empregos na Bahia e competitividade
A BYD, que está instalando uma fábrica em Camaçari (BA), argumenta que a redução das tarifas sobre os kits desmontados é essencial para viabilizar a montagem no Brasil. Segundo a empresa, se a alíquota for a mesma para os kits e para os carros prontos, seria mais vantajoso simplesmente importar os veículos montados da China.
A defesa da empresa é que a montagem dos kits no Brasil, mesmo com peças importadas, gera empregos e movimenta a economia local, sendo um passo intermediário para uma nacionalização futura.
A resposta da Anfavea: risco de “montadoras de fachada”
Para a Anfavea e as montadoras tradicionais, a proposta da BYD é um “retrocesso” que ameaça toda a cadeia automotiva já instalada no Brasil. Em nota, a entidade afirmou que reduzir as tarifas “sem compromissos reais de nacionalização” fragiliza a indústria nacional.
O temor é que o Brasil se torne um mero palco para “montadoras de fachada”, que apenas montam peças importadas com baixo valor agregado, sem desenvolver a engenharia e a produção de componentes locais.

Bastidores de Brasília: ameaças e divisão no Governo
A disputa nos bastidores é intensa. De um lado, as montadoras tradicionais, unidas contra o pleito, ameaçam rever parte de seus planos de investimento de mais de R$ 180 bilhões. Do outro, a BYD teria ameaçado suspender seus planos para o Brasil caso não seja atendida.
A pressão também divide o governo: enquanto o MDIC, de Alckmin, é mais simpático à indústria local, a Casa Civil, chefiada pelo ex-governador da Bahia, Rui Costa, é uma grande incentivadora da instalação da BYD em Camaçari.
Em busca de um meio-termo: a proposta de cotas
Diante do impasse, uma possível solução de compromisso começou a ser discutida. Em entrevista, o ministro Geraldo Alckmin admitiu a possibilidade de atender parcialmente aos dois lados. A proposta seria criar cotas para a importação de kits com imposto reduzido, o que beneficiaria a BYD, mas de forma limitada. Em contrapartida, o governo atenderia ao pedido da Anfavea de retomar imediatamente a alíquota cheia de 35% sobre os veículos elétricos e híbridos já montados que são importados.
A decisão final é hoje
A palavra final sobre a disputa será dada nesta quarta-feira, na reunião do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Camex. O colegiado, formado por representantes de diversos ministérios e presidido por Alckmin, ouvirá os argumentos finais das partes.
A decisão que sair do encontro definirá não apenas o futuro de bilhões em investimentos, mas também os rumos da política industrial para o setor automotivo brasileiro na era da eletrificação.
Com informações de Agência de Notícias do Governo do Paraná
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