Por Helena Vasques – Espontânea e espirituosa.
Tem dias em que a gente acorda já querendo pedir desculpa por ter acordado.
Acorda, toma banho (ou pelo menos ameaça), olha no espelho e pensa: “é isso que temos pra hoje?”. A autoestima até tenta reagir, mas a olheira argumenta melhor. O cabelo decide seguir carreira solo, a roupa parece conspirar contra sua dignidade e o café queima a língua — como se dissesse: “aceita que hoje não vai ser fácil”.
Ser adulto é basicamente resolver boletos, fingir estabilidade emocional e tentar parecer interessante no LinkedIn. E tudo isso com cara de quem dormiu oito horas seguidas, mesmo tendo rolado três episódios de série e um colapso existencial às duas da manhã.
A verdade é que ninguém está dando conta. Mas todo mundo finge que sim. Tem gente que mal consegue manter a samambaia viva, mas está aí organizando planilhas, criando metas e fazendo terapia. Um verdadeiro milagre da civilização moderna.
Outro dia, tentei fazer yoga para “reduzir a ansiedade”. Terminei irritada, com a lombar travada e uma crise existencial sobre minha flexibilidade emocional (e física). Mas sigo tentando, porque é isso que a gente faz: tenta.
A vida adulta não vem com manual. Mas, se viesse, o primeiro capítulo seria: “Aceite que você vai cansar — e tudo bem”. O segundo: “Tenha sempre café e bom humor por perto”.
O resto, a gente improvisa com ironia, paciência e um pouco de sarcasmo bem colocado.